Agropecuária no Brasil e no Mundo: Origem da Agricultura e Sistemas Agrícolas

O que é Agropecuária ?

Reúne os substantivos:  “agricultura”+“pecuária”.
É a área do setor primário responsável pela produção de bens de consumo, mediante o cultivo de plantas e da criação de animais como gado para leite e corte (bovino, suíno, caprino, ovino), aves entre outros.
De longa data a agropecuária apresenta relevante destaque no cenário da economia nacional. Historicamente, foi uma das primeiras atividades econômicas a serem desenvolvidas no país. A ocupação do território, por exemplo, teve forte influência da produção de cana-de-açúcar, posteriormente do café e, por fim, da pecuária, que conduziu o povoamento do interior do país.
A atividade agropecuária no Brasil representa 8% do PIB (Produto Interno Bruto) brasileiro e gera emprego para pelo menos 10% da população economicamente ativa do país. 

Como surgiu a Agricultura ?

A palavra agricultura significa “cultivo dos campos”. A palavra "agricultura" vem do latim, composta por ager (campo, território) e cultūra (cultivo), no sentido estrito de cultivo do solo.
Agricultura é o conjunto de técnicas utilizadas para cultivar plantas com o objetivo de obter alimentos, fibras, energia, matéria-prima para roupas, construções, medicamentos, ferramentas, etc.
Em português, a palavra "agricultura" manteve este sentido estrito e refere-se exclusivamente ao cultivo dos campos, ou seja, relaciona-se à produção de vegetais. No entanto, em inglês, assim como em francês, a palavra "agriculture" indica de maneira mais genérica as atividades agrícolas tanto de cultivo dos campos quanto de criação de animais.
O início das atividades agrícolas separa o período
neolítico do período paleolítico. Sendo anterior à história escrita, o início histórico da agricultura não é preciso, mas admite-se que ela tenha surgido independentemente em diferentes lugares do mundo, provavelmente nos vales e várzeas fluviais habitados por antigas civilizações.
Povos caçadores-coletores perceberam que alguns grãos que eram coletados da natureza  poderiam ser enterrados, isto é, "semeados" a fim de produzir novas plantas iguais às que os originaram. Essas primeiras formas de agricultura eram certamente praticadas perto de moradias e aluviões das vazantes dos rios, que fertilizavam as terras. Com isso, as freqüentes e perigosas buscas por alimentos eram evitadas. Com o tempo, foram selecionados entre os grãos selvagens aqueles que possuíam as características que mais interessavam aos primeiros agricultores, tais como tamanho, produtividade, sabor e outras.

Assim surgiu o cultivo das primeiras plantas domesticadas, entre as quais se inclui o trigo e a cevada. Como não há um rígido consenso sobre a origem da agricultura, alguns historiadores definem que a atividade agrícola parece ter surgido há cerca de 10.000 anos, na Mesopotâmia, com o cultivo de grãos e a criação de ovelhas. Há também registros de cultivos em outras regiões diferentes do mundo em épocas distintas: Mesopotâmia, América Central (pelas culturas pré-colombianas) e nas bacias hidrográficas da China e da Índia, nos vales dos rios Nilo (Egito), Tigre e Eufrates(Mesopotâmia, atualmente conhecida como Iraque) e rios Amarelo e Azul na China.

Reflexos na organização social e espacial dos grupos humanos

A agricultura permitiu a existência de aglomerados humanos com maior densidade populacional que aqueles suportados pela caça e coleta. A importância da prática da agricultura na história do homem é tanto elogiada como criticada: enquanto alguns consideram que foi o passo decisivo para o desenvolvimento humano, críticos afirmam que foi o maior erro na história da raça humana.
Por um lado, o grupo que se fixou na terra tinha mais tempo dedicado a atividades com objetivos diferentes de produzir alimentos, que resultaram em novas tecnologias e a acumulação de bens de capital, daí o aculturamento e o aparente melhoramento do padrão de vida.
Por outro lado, os grupos que continuaram utilizando-se de alimentos nativos de sua região, mantiveram um equilíbrio ecológico com o ambiente, ao contrário da nova sociedade agrícola que se formou, desmatando a vegetação nativa para implantar a monocultura, na procura de maior quantidade com menor variedade, posteriormente passando a utilizar pesticidas e outros elementos químicos, causando um grande impacto no solo, na água, na fauna e na flora da região.
Um livro e um vídeo (que pode ser encontrado no youtube) denominado “armas, germes e aço” de Jared Diamond, por exemplo, explica que a sociedades com excedentes alimentares, geralmente facilitada pelas condições geográficas (clima, solo, relevo, pluviosidade, etc.) são mais aptas a adotar novas invenções e novas formas de desenvolvimento, gerando uma condição de superioridade (excedente de alimentos, aumento populacional, sedentarismo, mais gente para pensar, inovações tecnológicas, exploração dos metais, fabricação de armas, conquistas de territórios, aumento das trocas, surgimento do comércio...) tentando com essa lógica explicar as diferenças econômicas, sociais e culturais entre as sociedades ditas industrializadas e as demais.

Fatores da produção agrícola

Os fatores que interferem na produção agrícola são: terra, trabalho e capital. A importância de cada um desses fatores na agricultura relaciona-se com o grau de desenvolvimento econômico do país ou região. A produção pode aumentar ou não dependendo da melhor utilização da terra, como no uso de sementes e mudas selecionadas, de técnicas de cultivo mais racionais, de fertilizantes, inseticidas etc.
Na agricultura chamada tradicional ou arcaica, a terra e o trabalho são a base da produção, sendo que a terra é responsável por 90% do investimento total, sendo inclusive indicador do status socioeconômico.
Na agricultura moderna ganha destaque o capital, pois ela depende de técnicas e equipamentos sofisticados como: tratores, irrigadores automáticos, semeadeiras, cortadeiras, colheitadeiras, conseguindo, inclusive, contrabalançar as influências de fatores naturais, como o clima, relevo, fertilidade do solo, pragas, distâncias e de fatores antrópicos, como força de trabalho.

Sistemas de agricultura ou Agrossistemas 

Os sistemas agrícolas podem se distinguir a partir da tecnologia empregada, do índice de produtividade alcançado, da destinação do produto (comercial, subsistência) ou do tamanho da área cultivada. Entre as principais classificações estão:

Pecuária Tradicional: Criação de gado sem preocupação com a genética, com a saúde animal, com a qualidade das pastagens, os animais são criados soltos em grandes áreas sem receber maiores cuidados e com baixa produtividade. 

Pecuária Moderna: É a criação a partir de cuidados com a genética, analisando as vantagens da criação de uma determinada raça, utilização de medicamentos, além de acompanhamento de um veterinário. Nesse sistema de criação a área pastoril é de pastagens de qualidade e com elevado índice de produtividade.

Pastoreio Nômade: Consiste na produção extensiva da pecuária, os animais são levados a percorrer caminhos em busca de luares que ofereçam água e pastagens, essa locomoção é constante. A produção, geralmente muito baixa, é destinada à manutenção das famílias (subsistência) e o restante é comercializado. É muito comum nas áreas próximas aos grandes desertos, como o Kalahari, Saara e Gobi. As populações praticam atividades de subsistência com base no nomadismo, como a criação de cabras, camelos e de gado bovino.

Agricultura tradicional: é um tipo de agricultura praticada em minifúndio (ou seja,  numa pequena propriedade), pratica a policultura (ou seja o cultivo de vários produtos no mesmo local). Este tipo de agricultura utiliza técnicas rudimentares (uso da enxada, da queimada, do arado e da tração animal), artesanais e ancestrais. Tem como destino de produção o autoconsumo e subsistência das famílias que a praticam. Tem um baixo rendimento e produtividade agrícolas. Eventualmente, o excedente é comercializado.
Agricultura extensiva: são usados os elementos dispostos na natureza sem ou com a mínima inserção de tecnologias, por isso possui uma baixa produtividade. A produção depende unicamente da fertilidade natural do solo; por não usar insumos agrícolas é necessário ocupar grandes áreas de cultivo.
Agricultura moderna: surgiu após a primeira fase da Revolução Industrial, com base na utilização da energia a vapor e também da eletricidade. Logo, ela é aquela caracterizada pela maior regularização das safras e o aumento da produção agrícola 
devido à utilização de tratores, colheitadeiras, semeadeiras e alguns novos implementos agrícolas, além de todo suporte tecnológico e científico, inclusive com mão de obra especializada.
Nesse período houve também um grande desenvolvimento do conhecimento científico e a criação de novos tratos culturais, que foram introduzidos nas lavouras. Como a produtividade agrícola aumentou rapidamente, e como a demanda por produtos agrícolas não aumentou proporcionalmente, a porcentagem da população que trabalhava na agricultura se reduziu contribuindo para o processo de urbanização.
Agricultura intensiva: utiliza-se em todas as etapas da produção um grande número de insumos, de técnicas e tecnologias. 
Faz parte da agricultura intensiva: a mecanização, aliada ao uso de insumos, além de sementes selecionadas que são imunes de pragas e adequadas ao tipo de clima, herbicidas, inseticidas, entre outros. 
Para o desenvolvimento de todas as etapas existe o acompanhamento de um técnico (um agrônomo ou um técnico agrícola). Esse sistema de produção agrícola é conhecido também como agricultura moderna ou comercial; seus produtos têm como destino a exportação. O capital é o principal fator de produção.

PlantationSão grandes propriedades rurais monocultoras, ou seja, cultivam uma única cultura com produção destinada à exportação. 
As plantations são heranças do período colonial de vários países da América, África e Ásia, quando eram responsáveis pela produção de produtos tropicais muito apreciados na Europa. 
Os produtos cultivados por meio da economia de plantação no Brasil são cana-de-açúcar, café, soja, etc. Nesse sistema, toda a produção é voltada quase que totalmente para o mercado externo, permanecendo no país apenas produtos de baixa qualidade.
Embora tenha-se substituído a mão-de-obra escrava pela assalariada, ainda existe o trabalho precário. Vários países africanos ainda utilizam o sistema plantation, entre eles Serra Leoa, Costa do Marfim, Camarões, Angola, República Democrática do Congo, Sudão, Quênia, entre outros.

Agricultura Itinerante: Esse tipo de agricultura consiste no plantio de roças, onde o local cultivado é queimado ou retira-se a vegetação, os meios de produção são rudimentares, os solos geralmente são pobres; quando a área cultivada esgota-se, outra área é procurada.  A produção da agricultura itinerante é voltada ao abastecimento do mercado local, mas a intenção principal é a subsistência. 


Agricultura de Jardinagem: Se originou no sul e sudeste da Ásia, onde há uma enorme produção de arroz em planícies inundáveis, com utilização intensiva de mão de obra. As áreas cultivadas são minifúndios e o trabalho é manual e bastante minucioso e a produção é comercializada com a população. 
Devido ao excedente populacional, a modernização da produção agrícola foi substituída pela utilização de enormes contingentes de mão de obra. Em países como as Filipinas, Tailândia, Indonésia, etc., devido a elevada densidade demográfica, as famílias contam com áreas muitas vezes inferiores a 1 hectare e as condições de vida são bastante precárias. 
Utiliza-se também no cultivo do arroz em alguns países, sobretudo asiáticos, a técnica de terraceamento.  

Agricultura de sequeiro: (o contrário de brejeiro, ou de brejo, como é comum nos países asiáticos e em Santa Catarina, no Sul do Brasil). É uma técnica agrícola para cultivar terrenos onde a pluviosidade é diminuta. A expressão sequeiro deriva da palavra seco e refere-se a uma plantação em solo firme. Mas isso não impede que o plantio seja irrigado em época de seca. O plantio de sequeiro é intensivo e desenvolve-se nos planaltos da África, com pouca rotação de culturas e aproveitamento do estrume. Essa forma de agricultura também é utilizada no Cerrado brasileiro e na fronteira dos Estados Unidos com o México. Máquinas escavam para revirar a terra úmida do solo. Na foto, plantação de uva no vale do São Francisco.

Agricultura orgânica ou agricultura biológica: é o termo frequentemente usado para designar a produção de alimentos e outros produtos sem o uso de produtos químicos sintéticos, tais como fertilizantes e pesticidas, nem de organismos geneticamente modificados, e geralmente adere aos princípios de agricultura sustentável. Este sistema de produção tem como base o uso de estercos animais, rotação de culturas, adubação verde, compostagem e controle biológico de pragas e doenças.


Agroecologia: Consiste em uma proposta alternativa de agricultura familiar socialmente justa, economicamente viável e ecologicamente sustentável.propõe mudanças profundas nos sistemas e nas formas de produção. Na base dessa mudança está a filosofia de se produzir de acordo com as leis e as dinâmicas que regem os ecossistemas. Em sentido mais estrito, a agroecologia pode ser vista como uma abordagem da agricultura que se baseia nas dinâmicas da natureza. Basicamente, a proposta agroecológica para sistemas de produção agropecuária faz direta contraposição ao agronegócio, por condenar a produção centrada na monocultura, na dependência de insumos químicos e na alta mecanização, além da concentração de terras produtivas, a exploração do trabalhador rural e o consumo não local da respectiva produção.


Rotação de culturas: é uma técnica agrícola de conservação que visa diminuir a exaustão do solo. Isto é feito trocando as culturas a cada novo plantio de forma que as necessidades de adubação sejam diferentes a cada ciclo. Consiste em alternar espécies vegetais, numa mesma área agrícola. As espécies escolhidas devem ter, ao mesmo tempo, propósitos comerciais e de recuperação do solo.

Agrofloresta ou Sistema Agroflorestal - SAF é um sistema que reúne as culturas agrícolas com as culturas florestais.. Usa a dinâmica de sucessão de espécies da flora nativa para trazer as espécies que agregam benefícios para o terreno assim como produtos para o agricultor. A agrofloresta recupera antigas técnicas de povos tradicionais de várias partes do mundo, unindo a elas o conhecimento científico. Não é a reconstrução da mata original porque inclui plantas de interesse econômico desde as primeiras fases, permitindo colheitas sucessivas de produtos diferentes ao longo do tempo. 

Leia também a sequência desta postagem em:  Agropecuária no Brasil e no Mundo: Revolução verde e êxodorural.




Video 1 - Origem da agricultura ( Em português PT)







Video 2 - Armas, germes e aço (Parte 1)








2 comentários:

  1. eu acho q a letra do texto inteiro tem que aumentar fica muito peqeno e dificutoso de se ler e é muito cansativo de ler

    ResponderExcluir
  2. Mt bom o post e impressionante como é completo, parabéns! Depois dá uma conferida no nosso Comprar Mudas de Banana EMBRAPA. Vlw!

    ResponderExcluir