Estes dias, em um grupo político de Whatsapp, discutia-se sobre a saúde pública de minha cidade. Uma característica destes grupos abertos, é a predominância de opiniões baseadas nas preferências políticas, sendo menor a proporção de comentários fundamentados em dados.
Sendo assim, para quem é oposição, geralmente nada agrada. E os problemas estruturais, históricos ou de gestões passadas são esquecidos. O oposto também é verdadeiro !E entre os comentários, um me chamou a atenção. Alguém disse:
“Como vi no Todo Mundo Odeia o Chris, existe a demanda e a procura, só que infelizmente, neste caso, mesmo com o valor sendo menor, é quase impossível quem leva um filho na UBS levar no particular.”
Isso porque determinada clínica fe uma publicidade de que está oferecendo consultas com preço reduzido sob a justificativa da falta de médicos pediatras no SUS. Analisar esta estratégia de marketing seria assunto para outro capítulo.
Mas esse exemplo é ótimo para expandirmos a reflexão. Se até na rede particular, que já faz um filtro na procura atendendo apenas quem pode pagar (e sabemos que não são tantas pessoas em um país como o Brasil, até porque a saúde privada não é barata em país nenhum), ainda assim há dificuldades, filas e problemas de acesso, etc. Então por que somos tão severos ao avaliar o SUS ?
No sistema privado muitas vezes não conseguimos atendimento imediato. Tem atrasos, às vezes o problema não se resolve de primeira, e normalmente só recorremos quando estamos no limite. Brasileiro, inclusive, a mania de se automedicar, tomar chá, etc.
Já o SUS, atende a *todos*. Desde quem tem uma unha encravada até casos graves de infarto, AVC, acidentes, pneumonias e epidemias (às vezes pela resistência em se vacinar rsss). E cada pessoa chega com sua própria percepção de urgência. Afinal, ninguém sente a dor do outro.
E o mais relevante: tudo isso sem custo direto.
Sei que alguns vão pensar
aqui: pagamos tributos ! Mas pontuo: impostos não são pagamento direto por serviço. Eles financiam toda a sociedade, em todas as áreas onde o Estado atua.Ninguém pede desconto no supermercado porque paga impostos (rsss). E nossos impostos financiam a infraestrutura que torna os centros urbanos mais atrativos para o comércio, a infraestrutura que atrai indústrias, os subsídios que determinados setores recebem, banca a escola pública que forma a mão de obra qualificada que as empresas usam, etc.
E ainda vamos deixar de lado, a questão da sonegação...mas ressalto, nada é isolado nestas questões sociais, econômicas e políticas. Por isso é importante analisar as coisas de forma mais ampla.
Por isso, sou da opinião que é preciso olhar a situação além da esfera municipal, e além do período de um mandato.
Certas lacunas derivam de uma condição estrutural de um sistema que atende milhões de brasileiros todos os dias, de forma universal e irrestrita. São coisas que vemos nas noticiários em geral, e quem é mais velho, escuta isso desde criança !
O que seria interessante, de fato, é termos estudos comparativos regionais e até nacionais para entender melhor a situação da saúde pública como um todo. Talvez até para entendermos melhor o funcionamento e valorizarmos mais o SUS. Mas uma coisa é certa: o SUS é indispensável, necessário e um dos maiores patrimônios sociais do Brasil. Óbvio que precisa ser melhorado. Mas quais os limites possíveis ? Tem países que nem uma vacina é de graça !
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