
Recentemente comemorou-se a “maioridade” do Estatuto da Criança e do Adolescente – ECA. Seria interessante, em vez de comemorar, estudar revisões à matéria. O que dizer então de um Código Penal de 1940, época do ainda Estado Novo Getulista.
A sociedade, seus valores, costumes e todas as relações decorrentes são dinâmicas e mudam com o tempo. As leis, responsáveis pela manutenção da ordem, do convívio mais próximo da harmonia e do bem estar coletivo, também devem acompanhar esse contexto.
Por mais inovador que o ECA tenha sido na tentativa de proteger a “pessoa em formação”, hoje o contexto é outro. Na época de sua formulação, os delinquentes, via de regra, cheiravam cola e “batiam carteiras” nos grandes centros. Muitos adolescentes não freqüentavam a escola porque eram obrigados a trabalhar.

Ou seja, o
adolescente não pode trabalhar para não ser explorado ou prejudicado, mas pode
votar, entrar em festas e perambular pelas ruas. Sem entrar no mérito, mas os
pais não podem dar uma palmada para educar, mas os adolescentes podem ser
espancados e assinados (e espancar e assassinar) por motivos torpes por esse
Brasil afora.
Da
mesma forma que o Estado não é capaz (ou a ele não interessa) de elaborar Leis
de acordo com o atual contexto social, segmentos informais da sociedade se
valem dessas brechas legais para explorar a juventude.
As
estatísticas apontam que, entre outros fatores , após o surgimento do ECA, o
número de jovens e adolescentes indiciados por crimes se elevou.
Se outrora isso ocorria porque muitas vezes estes jovens sabendo da flexibilidade da Lei, assumiam crimes praticados por maiores, hoje, não só os jovens, como os adolescentes e até crianças, se sentem confortáveis em portar armas, em assaltar, agir com crueldade, e caso, se empolgue, executar qualquer pessoa: jovem, pai de família, mulher, idoso, seja porque reagiu ao assalto, porque não tem dinheiro no bolso ou porque estava no caminho do inconsequente. Segundo matéria no Portal O Globo, o envolvimento de jovens em crimes violentos é comum.
Acho engraçado quando alguns contrários à redução da maioridade,
ou mesmo contrários à redução de impunidade, chamam bandidos estupradores,
assassinos, latrocidas de 17 anos de crianças. Isso somente nos discursos
demagógicos e ideologicamente enviesados pela alienação daqueles que não
analisam a realidade. Dizem que o sistema prisional está falido e usam isso
como justificativa para deixar criminosos impunes. Ora, se os hospitais
estiveram cheios de doentes, irão parar os atendimentos, seguindo essa lógica ?
Para o promotor de
Justiça Thales de Oliveira, o modelo atual,
previsto pelo Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), que determina a
aplicação de medidas socioeducativas a jovens que praticam atos infracionais,
leva a uma situação de “verdadeira impunidade”. “Em grande parte