Crise hídrica e a tarifa regressiva de água

É tão recorrente quanto necessário o discurso visando conscientizar a população sobre a necessidade do uso racional dos recursos naturais, entre eles, a água potável. Entretanto, a conscientização além de demandar tempo para sua maturação e aceitação maciça requer meios que incentivem a cristalização do hábito na prática cotidiana.
Quando os meios não são adequados, ao invés de incentivar um comportamento salutar, motivam atitudes incorretas, tanto sob a perspectiva ambiental, econômica e até mesmo social (o tripé da sustentabilidade).

A tarifa de água é um desses meios que poderia ser melhor utilizado para contribuir com o uso racional da água , mas que ao invés disso, dá margem para o desperdício.

Até o limite de consumo de 10 metros cúbicos, a tarifa tem um valor fixo. (Desconsiderando a tarifa social da Sanepar, neste exemplo). Ou seja, não há um incentivo econômico para gastar menos do que esse limite.

Sugere-se, dessa forma, (inclusive ao banco de idéias da Câmara dos Deputados,esperando que possam estudar e legislar sobre o assunto) é a implementação de uma tarifa de água regressiva.

Ou seja, imóveis que gastam menos pagariam menos pelo metro cúbico de água tratada consumida. Imóveis que consomem mais (dentro de uma escala limite estabelecida) pagariam um valor maior pelo metro cúbico. Isso porque, a objetividade e influência do aspecto financeiro seria uma forte pressão na redução do consumo, na geração do hábito do consumo racional e na posterior conscientização.

Seria também uma forma de incentivar e retribuir aqueles que consomem menos e através do ônus econômico desestimular aqueles que consomem mais.

Na prática seria uma forma de compensação, como já ocorre com outros recursos, como os créditos de carbono, por exemplo.

A conscientização, as campanhas, os estudos são importantes e estão fartamente acessíveis ao público. O desperdício também se mostra evidente. Então por que não apostar em um estímulo material e de resultados imediatamente visíveis? É um meio rumo ao fim maior que o consumo racional e a sustentabilidade. Um meio talvez mais barato que o custo com tantas campanhas e talvez, com o custo (não só econômico) da falta de água!

Obviamente, que essa é apenas uma sugestão paliativa para amenizar um problema com tendência de agravamento. Problema este que é gerado por circunstância mais abrangentes e sistêmicas, e que, em um sistema capitalista de produção, orientado para a acumulação, para o consumo, para o desperdício e para a produção sem limites, não encontra a solução somente nas atitudes individuais.

http://maahchrisoste.blogspot.com.br/2011_03_01_archive.html
É preciso destacar que as atividades agrícolas (nem todas voltadas para a produção de alimentos), a agropecuária e a indústria são responsáveis por um grande percentual do consumo de água potável, quando não, pela deterioração de suas reservas. Nesse sentido, urge medidas globais, estratégicas e abrangentes, pois a sociedade não pode ser onerada duplamente por esse descaso com a sustentabilidade.

É refletir porém, que é o consumismo, orientado pelo desperdício, pela acumulação e não somente pela necessidade, que alimenta um sistema que não conhece limites exceto as fronteiras do lucro, mesmo que isso custe a sobrevivência humana.

Paisagem Geográfica

PAISAGEM GEOGRÁFICA

Comumente, as pessoas denominam de paisagem o que elas observam como algo bonito, agradável, bucólico, etc. Por exemplo, uma bela cachoeira em uma mata, uma linda praia. Entretanto, para a Geografia, o conceito de paisagem vai além de um belo panorama natural. Para Milton Santos (1998) apud Aoki (2006)  “tudo aquilo que nós vemos, o que a nossa visão alcança, é a paisagem (...) Não apenas formada de volumes, mas também de cores, movimentos, odores, sons, etc.”

A própria descrição de Santos, no entanto, nos permite ir além dos elementos visíveis. Boligian (2004) diz que a paisagem é tudo o que está presente em determinada extensão do espaço terrestre e que pode ser abarcado pelos nossos sentidos (não somente a visão), mas abrangendo também elementos não visíveis, como ruídos, odores, sensação térmica, etc. compreendendo não somente elementos estáticos, mas a dinâmica que dá vida e especificidade a determinado lugar.

Fonte: http://radionajua.com.br
Dessa forma, as paisagens variam de um lugar para outro, pois elas são formadas de elementos diferentes. A paisagem urbana, por exemplo, terá diferenças em relação à paisagem rural. E estas diferenças decorrem de fatores naturais, mas também da relação entre a sociedade e a natureza.  Portanto, a paisagem revela como dada sociedade desenvolve suas atividades, como as pessoas se relacionam entre si e com a natureza. Ou seja, expressa a dinâmica e a interação tanto entre os elementos humanos e sociais com os elementos naturais e as interações destes elementos entre si.

Além das diferenças concretas e objetivas existentes entre as diferentes paisagens, e da variedade de elementos que as compõem, cuja combinação colabora para que cada paisagem seja única, existe também a...

A concepção de qualidade no serviço público

O Estado-burguês

É comum - e tudo que se banaliza geralmente se generaliza e se repete sem a devida análise de seu significado - ouvirmos pessoas criticando os serviços públicos. E isto se tornou mais evidente no atual momento político, marcado pelo descontentamento social, pela evidenciação dos casos de corrupção, etc.


Este contexto fortalece o retorno de uma onda reacionária, elitista e privatista que enfatiza, com base em pressupostos incoerentes com os objetivos do serviços públicos, a busca pela qualidade e pela eficiência, focando na redução de custos, mas afastando a preocupação com a finalidade social que o Estado deve atender e com as condições de trabalho. Isso se confirma ao citar que justamente em um contexto político neoliberal, a EC 19 elevou a eficiência ao status de princípio constitucional.

Os críticos esquecem que tal comparação desconsidera convenientemente uma premissa elementar sob a qual repousa todas as distinções entre o setor público e o privado. O setor público tem como objetivo atender às necessidades sociais. O gestor não detém a disponibilidade da coisa pública, portanto, o fim mediato de qualquer ação é o interesse público, não a eficiência como meio para a lucratividade. 

O setor privado tem como foco de todas as suas ações o lucro. Qualquer ação, qualquer estratégia de marketing, qualquer melhoria no produto, no atendimento ao cliente, na redução de custos, visa a garantir o lucro. Até mesmo quando uma empresa realiza alguma ação de responsabilidade social, o faz para melhorar sua imagem, angariar clientes, e finalmente, elevar suas receitas e seu lucro.


Não obstante esta diferença, verifica-se que algumas correntes ideológicas estão alçando o  Estado a mero instrumento a serviço do capital. 

O uso do Estado e os casos de corrupção escancarados que não se resumem a este ou aquele partido ou ideologia (embora impere nos discursos políticos um maniqueísmo movido pela paixão que se compara a um debate de torcedores de time futebol em um boteco), contribuíram para a sociedade, talvez por desespero, redimir mais uma vez o projeto abertamente neoliberal que agora retorna.

Com isso, critica-se os gastos públicos voltados para atender ao povo mas naturaliza-se os gastos e benefícios entregues ao capital. Enfim, o Estado deixa de lado sua razão de existir: atender o interesse público, coletivo; o Estado passa a atender o que convém aos grupos de poder.


https://fernandonogueiracosta.wordpress.com/2016/02/06/
reforma-tributaria-em-fatias-elevacao-do-itcmd/
Exemplificando: se fala em reduzir os gastos com programas sociais, com a educação e até com a saúde, sob o argumento  de que as receitas não são suficientes para atender tantas despesas. Porém, não se usa da mesma lógica para criticar o vultoso volume de recursos do orçamento federal (em torno de 40%) destinado ao pagamento de juros e encargos da dívida pública para beneficiar os poderosos banqueiros. 


http://jornalggn.com.br/blog/diogo-costa
Fala-se em ampliar as receitas aumentando impostos (os quais por incidirem sobre o consumo, oneram proporcionalmente os mais pobres), porém, não se cogita a tributação de grandes fortunas (até hoje sem regulamentação) ou medidas severas contra a sonegação tributária promovida por grandes empresas. Ao contrário, perdoa-se juros e multas e parcelam-se dívidas tributárias.

No que tange à sonegação, o agravante é que muitos tributos são indiretos, ou seja, são embutidos no preço e pagos pelo consumidor. No entanto, os arrecadadores esquecem de repassá-los. Estes recursos sonegados são surrupiados do próprio

Redes e Hierarquia Urbana


Quantas vezes você já necessitou se deslocar à cidades vizinhas ou para grandes centros para obter produtos ou serviços não existentes onde você mora?
As cidades pequenas, de modo geral, conseguem satisfazer as necessidades cotidianas de consumo. Entretanto, quando se precisa de serviços especializados, como órgãos públicos, aeroportos, exames ou intervenções cirúrgicas mais complexos, visitar museus, teatros e outros centros culturais de maior destaque, torna-se necessário esse deslocamento.

Ou seja, algumas cidades, exercem maior influência econômica, política, cultural, etc. sobre as outras outras, atraindo as pessoas. Essa relação de atração e influência é denominada de rede urbana.
O mapa ao lado ilustra como determinadas cidades ou regiões centralizam determinam atrativos urbanos e com isso conseguem exercer maior grau de influência sobre outras regiões. É perceber, por exemplo, que a influência da região sudeste, especialmente em virtude da Grande São Paulo e do Rio de Janeiro se espalha por grande parte do território nacional. Afinal, nestas regiões estão instaladas muitas indústrias, bancos, seguradoras, aeroportos, órgãos públicos e a maioria das emissoras de TV.

A discriminação racial não é a explicação absoluta para todas as desigualdades

INTRODUÇÃO

Atualmente, apesar da ênfase social na liberdade individual, na quebra de tabus, na aceitação das diferenças, mais do que nunca parece haver um patrulhamento sobre tudo que foge do que alguns definiram como sendo politicamente correto.

Entretanto, se o “correto” fosse definido a partir de uma fundamentação moral ou ética (sem entrar no mérito das diferenciações entre ambos os conceitos), as contradições seriam menores. Porém, da mesma forma que os discursos preconceituosos, o discurso que sustenta o que é politicamente correto também é relativizado e respaldado pela ideologia, desvirtuado e utilizado para atender a conveniências e favorecer a manipulação social, o que exige uma análise mais atenta antes de propagá-los ao vento.

Muitos destes discursos, que já se tornaram clichês, não subsistem a uma mínima análise crítica, fundamentada em dados mais objetivos (não que as estatísticas oficiais ou outros levantamentos não tenham sua parcela de subjetividade e viés ideológico).

Por exemplo, hodiernamente há uma tentativa de qualificar como racismo ou discriminação qualquer relação que envolva as diferenças étnicas na representatividade socioeconômica, mesmo que as causas das desigualdades possam ter n explicações culturais, históricas, políticas, regionais, metodológicas, etc.

Com isso, corre-se o risco de cometer a injustiça de colocar a etnia branca sempre como opressora e a negra como oprimida, estimulando lutas entre as classes em detrimento da necessária luta de classes. Ou seja, enquanto a população digladia-se entre si pelo acesso ou manutenção de direitos, o foco diverge da verdadeira classe responsável pelas mazelas sociais, que via de regra, afetam a maioria da população.


http://slideplayer.com.br/slide/1849190/

Enquanto determinados grupos apontam a questão racial como explicação definitiva e inquestionável para uma série de problemas sociais (baixa escolaridade, baixa renda, desemprego, criminalidade), camuflam causas muito mais relevantes, como a falta de políticas públicas. Falta esta que reforça a discriminação ou o preconceito ao não garantir o acesso igualitário às condições que sustentam o desenvolvimento humano.

Neste texto, optar-se-á pelo termo

A ideologia e a contradição existente nos discursos sobre o uso dos veículos

As relações sociais geram e revelam alguns interessantes movimentos dialéticos, que embora não determinem, influenciam no comportamento individual e consequentemente social, alterando hábitos, costumes, valores e visões de mundo.

Entretanto, nem sempre tais movimentos se originam de forma espontânea no tecido social, mas são induzidos, via de regra, por aqueles que têm as condições materiais para impor, deliberada ou sutilmente, suas ideologias, ou seja, por aqueles que detêm os aparatos ideológicos, que nada mais é do que a classe dominante.

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Embora citar termos como burguesia ou classe dominante possa gerar em alguns críticos da ideologia marxista a sensação de ser mais um chavão esquerdista, é indiscutível que as relações de poder e as materialidades que lhe sustentam ou que são geradas para garantir a supremacia de determinada classe, estão presentes em toda relação social.

Um destes movimentos dialéticos que exemplifica a contraditória mudança social é o uso do veículo, marca registrada da sociedade industrial. Se retrocedermos, por exemplo, na não tão distante década de 1980, a posse de um veículo automotor era privilégio (de poucos). Esta exclusividade alimentava o desejo e a esperança de grande parte dos trabalhadores em um dia adquirir o próprio carro e com ele ter a possibilidade de desfrutar de todos os benefícios, como viajar e aproveitar a vida, desfrutar com a família, ter um meio de transporte para as