Impermeabilização do solo urbano

A correta infiltração das águas pluviais no solo é vital para a manutenção do equilíbrio hidrológico, para a natureza, incluindo florestas, agricultura, bem como para as demais atividades humanas. O oposto, por sua vez, traz uma série de problemas. E isto ocorre em solos expostos e compactados, quando em solos impermeabilizados pela atividade humana.

O processo de impermeabilização do solo urbano é um fenômeno decorrente do crescimento desordenado das cidades e da ocupação intensiva do solo. São construções, calçadas, asfalto, e poucas áreas para permitir a infiltração da água no subsolo.

A compactação do solo é um processo que ocorre quando há uma perda da porosidade e do espaço vazio entre as partículas do solo, resultando em uma maior densidade e resistência do solo. Isso pode acontecer naturalmente, devido ao tráfego de animais, eventos climáticos como chuva e ventos, ou de forma antrópica, afetando o processo de percolação da água.

Percolação é um processo de movimento de água no solo, onde a água da superfície infiltra no solo e se move através dos poros e espaços vazios existentes entre as partículas de solo, até alcançar o lençol freático. Esse processo é importante para o armazenamento de água subterrânea e para a manutenção dos ciclos hidrológicos.

A infiltração da água da chuva no solo é um processo fundamental para a manutenção dos ciclos hidrológicos e para a regulação dos níveis de água nos aquíferos e nos corpos d'água.

Em solo com vegetação, a água da chuva é absorvida pelo solo e retida pelas raízes das plantas, que liberam parte da água na atmosfera por meio da transpiração. Parte da água é armazenada no solo e é utilizada pelas plantas posteriormente. Esse processo de infiltração é conhecido como infiltração natural.

https://repositorio.ufu.br/bitstream/
123456789/19693/1/impactosUrbanizacaoCiclo.pdf

Por outro lado, em solo compactado, a água da chuva tem dificuldade de infiltrar e é escoada superficialmente, o que causa o escoamento superficial e, consequentemente, a ocorrência de enchentes e alagamentos.

Quando há excesso de água na superfície, a chance de erosão do solo é maior, o que pode levar à perda de nutrientes e da capacidade de suporte à vegetação. Além disso, o solo compactado é menos permeável, o que dificulta a absorção da água pelo solo e prejudica o armazenamento de água subterrânea.

Já em solo compactado, a falta de infiltração da água da chuva pode levar à formação de poças de água e ao aumento da probabilidade de alagamentos. Isso pode causar transtornos à população, como perda de bens materiais e riscos à saúde pública. A falta de infiltração também pode levar à diminuição da biodiversidade do solo, reduzindo a capacidade do solo de suportar a vegetação e de manter a qualidade da água.

A impermeabilização ocorre quando há a substituição da vegetação natural e da terra pelo concreto, asfalto e outras formas de revestimento, impedindo a absorção natural da água pelo solo.

As consequências desse processo são diversas e impactam diretamente a qualidade de vida das pessoas que vivem nas cidades. Uma das principais consequências é o aumento do escoamento superficial da água, o que gera enchentes e alagamentos em áreas urbanas, especialmente durante as chuvas.

http://bibocaambiental.blogspot.com/
Para solucionar esse problema, é necessário adotar medidas que promovam a retenção da água na superfície do solo e sua infiltração gradual, permitindo que a água seja absorvida e recarregue os lençóis freáticos. Algumas das soluções possíveis são a criação de áreas verdes urbanas, a implementação de sistemas de drenagem sustentáveis, como jardins de chuva e telhados verdes, e a adoção de práticas de construção mais sustentáveis, como o uso de materiais permeáveis, e até mesmo, definição de leis que regulamentem as formas de ocupação do solo, exigindo, por exemplo, áreas permeáveis em casas e condomínios.

As consequências do processo de impermeabilização do solo são ampliadas quando associadas à ocupação dos fundos de vale. Essas áreas são naturalmente sujeitas a inundações e alagamentos, uma vez que são locais por onde a água escoa naturalmente. Quando a ocupação ocorre nesses locais, o processo de impermeabilização do solo é intensificado, e os alagamentos se tornam ainda mais frequentes e intensos. E afetam mais pessoas, inclusive, pessoais que se não estivessem nestes locais, não seria prejudicadas. 

Cabe ressaltar que não se trata de culpabilizar os ocupantes destas áreas, pois a ocupação é fruto de um processo histórico de urbanização sem planejamento, de políticas que não consideravam o impacto destas ações no longo prazo e da falta de possibilidades, sobretudo, econômica-sociais em muitos casos.

As dragagens de rios são uma das medidas utilizadas para reduzir o problema dos alagamentos em áreas urbanas. No entanto, elas acabam aumentando a taxa de deposição de sedimentos e o assoreamento dos rios em médio prazo, pois a terra retirada fica exposta nas margens dos rios, facilitando o retorno aos corpos hídricos, tornando necessário repetir o processo novamente. Por isso, as dragagens devem ser encaradas como medidas emergenciais e paliativas, e não como soluções definitivas para o problema.

É importante diferenciar os alagamentos decorrentes de chuvas torrenciais, que alagam áreas urbanas isoladas, dos alagamentos (ou enchentes) de chuvas contínuas, que inundam a bacia hidrográfica inteira de determinada região. 

https://redesuldenoticias.com.br/noticias/
prudentopolis-registra-alagamentos-
na-tarde-desta-segunda-6/
Os primeiros são mais localizados e podem ser causados por problemas pontuais, como a falta de limpeza de bueiros e galerias pluviais, ocupações irregulares, aterros mal planejados, desmatamentos de áreas que deveriam manter a cobertura vegetal, etc. Já os alagamentos de chuvas contínuas afetam grandes áreas e podem ser resultado de problemas estruturais mais amplos, como o processo de impermeabilização e compactação do solo, que ocorre em praticamente todas as cidades de determinada bacia hidrográfica, excesso de chuvas (que embora seja um fenômeno natural, também pode ser potencializado pela ação antrópica).


Para reduzir os alagamentos, é necessário adotar medidas que levem em conta tanto a prevenção quanto a gestão das águas pluviais. Algumas medidas que podem ser adotadas incluem:

Implantação de sistemas de drenagem pluvial: sistemas de drenagem eficientes podem coletar e direcionar a água da chuva para locais adequados, como reservatórios ou rios, reduzindo o risco de alagamentos. É importante que esses sistemas sejam bem dimensionados, construídos e mantidos adequadamente.


Uso de pavimentos permeáveis: pavimentos permeáveis, como pisos intertravados ou pavimentos drenantes, permitem que a água da chuva infiltre no solo, reduzindo a quantidade de água que escoa superficialmente, o que pode contribuir para o surgimento de enchentes.

Criação de áreas verdes: a vegetação é capaz de aumentar a infiltração da água no solo, reduzindo a quantidade de água que escoa superficialmente e contribuindo para a redução dos alagamentos. Além disso, as áreas verdes são capazes de reter e filtrar a água da chuva, contribuindo para a melhoria da qualidade da água.

Redução do uso de impermeabilizantes: o uso excessivo de impermeabilizantes, como asfalto e concreto, pode prejudicar a infiltração da água no solo e aumentar o risco de enchentes. A redução do uso desses materiais pode contribuir para a preservação da capacidade de infiltração do solo.

Implementação de políticas públicas: políticas públicas, como a criação de áreas de proteção permanente e a implementação de leis que restrinjam a ocupação de áreas vulneráveis, podem contribuir para a redução dos alagamentos e para a preservação dos recursos naturais.

Essas são apenas algumas medidas que podem ser adotadas para reduzir os alagamentos. É importante destacar que a gestão das águas pluviais requer um esforço conjunto de diversos atores, incluindo governos, empresas, comunidades e indivíduos.

Nenhum comentário:

Postar um comentário