RESUMO:
A atual
conjuntura demográfica ampliou a importância da migração e evidenciou,
sobretudo, a importância desta dinâmica populacional em suas relações com o aspecto
social, econômico, político, cultural e até mesmo subjetivo, o que desperta o
interesse pelas determinantes do êxodo rural. Embora o referencial teórico
aponte um declínio quantitativo desta modalidade migratória, ela ainda persiste
quando se considera determinados perfis populacionais. Dessa forma, verificar com
os concluintes do ensino médio do Colégio Estadual do Campo Nossa Senhora de
Fátima, no Distrito de Guamirim, em Irati PR, quais os principais fatores que impulsionam
à migração, engendra uma perspectiva mais específica para analisar a temática, revelando
nuances atenuadas em análises de escala mais abrangente. Os resultados obtidos
com os questionários aplicados aos alunos aduzem que para o caso pesquisado,
variáveis como a intenção de prosseguir estudando, localização geográfica associada
à condições das estradas e dos transportes e a oferta de trabalho têm forte
influência na dinâmica migratória. Outros fatores, relevantes quando
inter-relacionados, podem ser entendidos como o plano de fundo que compõem o contexto
dos alunos e da localidade, como os aspectos culturais, étnicos, históricos,
além de fatores de ordem psicológica ou subjetiva, ratificando a complexidade e
a especificidade dos determinantes desta dinâmica (e dos reflexos que dialeticamente
ela gera), dificultando que explicações lineares de causa e efeito, generalistas
e definitivas sejam traçadas, requerendo uma análise dinâmica das
inter-relações constatadas.
PALAVRAS-CHAVE:
Êxodo Rural, Alunos, Irati/Guamirim.
Texto publicado na Revista Publicatio UEPG: Ciências Humanas, Linguistica, Letras e Artes, Vol. 21, No 1 (2013)
Autores: Haroldo José Andrade Mathias*
Zaqueu Luis Bobato**
* Graduado em Administração e em Ciências Contábeis pela Universidade Estadual do Centro-Oeste. Especialista em Controladoria e Finanças. Acadêmico de Geograƒfia – Licenciatura pela mesmo IES. E-mail: <andradeadm@yahoo.com.br>.
** Graduado em Geograƒ a pela Universidade Estadual do Centro-Oeste (Unicentro). Mestre em Geografia “Gestão do Território” pela Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG). Professor do Departamento de Geograƒ a da Unicentro, campus de Irati-Pr. E-mail: <zaqueudegeo@yahoo.com.br>
INTRODUÇÃO
As mudanças demográficas
ocorridas nos últimos anos evidenciaram com maior nitidez os impactos
decorrentes da migração. Entretanto, este movimento populacional tem relações
históricas e geográficas. Regiões como o Sul, na atualidade, tem no êxodo rural
pequena importância no crescimento das cidades, conforme aponta Alves (2006).
Acredita-se, porém, que
na escala específica do lugar (Guamirim), que se caracteriza como objeto do presente estudo permanece a relevância da pesquisa, especialmente quando se aborda as perspectivas culturais, sociais, políticas, e como cita Damiani (2008), principalmente econômicas, tendo em vista que demonstra a impossibilidade (temporária ou definitiva) de absorção de contingentes populacionais no mercado de trabalho ou de oferecer serviços e condições demandadas pela população.
na escala específica do lugar (Guamirim), que se caracteriza como objeto do presente estudo permanece a relevância da pesquisa, especialmente quando se aborda as perspectivas culturais, sociais, políticas, e como cita Damiani (2008), principalmente econômicas, tendo em vista que demonstra a impossibilidade (temporária ou definitiva) de absorção de contingentes populacionais no mercado de trabalho ou de oferecer serviços e condições demandadas pela população.
Além disso, é
necessário reputar a existência de fatores culturais e psicológicos que marcam
as especificidades do local e integram a subjetividade de cada indivíduo,
afetando suas percepções e decisões, evitando assim determinismos ou abordagens
consideravelmente superficiais.
Segundo o Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE (2001), as abordagens teóricas que
analisam o fenômeno migratório, basicamente, dividem-se nas abordagens neoclássico-funcionalista
e estruturalista.
A visão estruturalista,
defendida por autores como Paul Singer (1980), defende que o fenômeno
migratório é social, respondendo aos processos social, econômico e político,
portando, resultado de um processo global de mudança. O enfoque funcionalista
segundo o IBGE (2011, p.15), considera a motivação individual, estabelecida
racionalmente após a análise do custo-benefício do movimento, portanto, sem
abandonar os reflexos econômicos.
A partir da compreensão
dos motivos que impulsionam a saída do jovem da localidade ou mesmo que
incentivam a sua permanência, governo e sociedade podem aperfeiçoar suas diretrizes
e ações em prol da melhoria das relações socioeconômicas e até políticas em
âmbito regional. Dessa forma, torna-se relevante verificar, para o caso
específico, quais os principais fatores que influenciam na migração dos jovens
concluintes do ensino médio do Colégio Estadual do Campo Nossa Senhora de
Fátima, no Distrito de Guamirim, em Irati PR, abordando fatores tanto das
perspectivas teóricas estruturalista e funcionalista.
Para
objetivar tal finalidade, tornou-se relevante investigar o perfil
socioeconômico dos alunos pesquisados. Em associação, se verificou também as
principais características sociais, econômicas, políticas e culturais da
localidade. A partir desta relação apurou-se quantitativamente as intenções de
migração (temporária ou permanente) na localidade junto aos pesquisados,
assinalando, finalmente, as principais causas que impulsionam esta dinâmica.
A relevância de apreciar esta
dinâmica com os concluintes do Ensino Médio se deu porque o segmento
populacional dos jovens tem destaque no que se refere à migração. Para Camarano
e Abramovay (2010, p. 07), “são
cada vez mais os jovens que vêm deixando o meio rural e entre estes é
preponderante a participação das mulheres.” Resultados que também são
corroborados por Antico (1997).
Entretanto, tais dados são genéricos
e poder sofrer variações decorrentes das especificidades que constituem as
características de cada lugar, e podem, em pesquisas regionais mais
abrangentes, serem camuflados pelos dados médios, ficando determinadas nuances
imperceptíveis.
Harmonizando a necessidade de
resultados mais precisos e específicos com as possibilidades operacionais da
pesquisa, optou-se por analisar uma localidade específica e uma população de
perfil mais homogêneo. Além disso, Bilsborrow (1998, apud IBGE, 2011) argumenta que “a melhor maneira de se captar o
fenômeno migratório seria por meio de pesquisas amostrais específicas”.
Para concretizar o presente estudo foram adotados procedimentos
metodológicos como a utilização de pesquisa bibliográfica
em livros, artigos, além de leis e coletas de dados na Instituição escolar. O
levantamento empírico se valeu de questionários contemplando 15 questões
fechadas e 2 abertas, ponderadas quantitativamente e interpretadas de forma
descritiva, segundo a concepção de Andrade
(1999) e Carvalho (2012).
Tais questionários
foram aplicados aos alunos concluintes do Ensino Médio do Colégio Estadual do
Campo do Distrito de Guamirim, residentes na área de abrangência do Distrito de
Guamirim, determinada segundo os ditames da Lei Municipal 2.164 de 21 de
dezembro de 2004, a qual estabelece em
seu artigo 9º, alínea b, que o Distrito de Guamirim
compreende
as localidades de Guamirim, Rio Corrente I e II, Rio Preto I e II, Guaçatunga,
Água Clara, Cerro do Leão, Pirapó, Boa Vista do Pirapó, Empossados, Barra do
Gavião, Governador Ribas, Faxinal dos Ferreiras, Taquari, Coloninha de
Guamirim, Campina de Guamirim, Água Quente, Arroio Grande, Rio Corrente dos
Cabral, Rio Corrente dos Pedroso.
Do total de 49 alunos que compõem os 3º anos do Colégio,
27 foram pesquisados, pois além dos faltosos na ocasião, alguns residem em
localidades não pertencentes ao Distrito. Ressalta-se que as considerações
formuladas não têm a pretensão de serem aplicadas a outros casos ou realidades.
FUNDAMENTAÇÃO
TEÓRICA
Segundo Damiani (2008),
nos discursos sobre subdesenvolvimento até a década de 1960, enfatizava-se o
crescimento vegetativo[1]
como processo de incremento demográfico, quando então a migração ganha ênfase.
Gonçalves (2001) ao
falar sobre as migrações faz uma analogia que clarifica a complexidade do
fenômeno e a multiplicidade de fatores que podem ocasioná-lo em determinado
contexto histórico-geográfico.
As migrações costumam figurar
como o lado visível de fenômenos invisíveis. Aparecem muitas vezes como a
superfície agitada de correntes subterrâneas. Verdadeiros termômetros que, ao
mesmo tempo, revelam e escondem transformações ocultas (GONÇALVES, 2001, p.173).
Damiani (2008) e
Gonçalves (2001) defendem que a migração não corresponde somente ao
deslocamento de pessoas, mas a propagação de determinado sistema econômico e
estrutura social. Os deslocamentos de pessoas, geralmente provocam ou decorrem
de mudanças sociais, econômicas, políticas e culturais significativas, o que torna
relevante conhecer a gravidade destas variáveis.
Desta forma, fica
nítido que o processo de migração, especificamente o êxodo rural, pode ser
impulsionado por diversas variáveis, ter amplos e diversos reflexos e envolver
interesses contraditórios.
Conforme Damiani (2008)
exemplifica, da mesma forma que grandes proprietários de terra podem se valer
dos benefícios do maior volume de pessoas na área rural, inversamente podem
induzir a migração ao substituírem o trabalho humano pelo mecanizado ou através
de outras estratégias que favoreçam a concentração fundiária. Outro exemplo é o
processo de mecanização e o êxodo rural, no que tange as suas determinantes.
Enquanto algumas correntes teóricas defendem, de modo geral, que a mecanização
é um dos fatores responsáveis pela redução da necessidade de trabalhadores
rurais, outros autores apontam que a mecanização é uma resposta ao êxodo rural
impulsionado por outras variáveis.
Camarano e Abramovay
(1999, p. 10), assinalam, por exemplo, que a década de 1970 foi “a maior
testemunha de que nem sempre o êxodo rural está associado à transformação na
base técnica dos sistemas produtivos na agricultura”. Um mercado de trabalho
urbano em expansão, por exemplo, pode disparar tais mudanças.
Entretanto, para Antico
(1997, p. 97), as explicações que analisam os movimentos migratórios,
especialmente do tipo rural-urbano, sob um contexto histórico específico, sobretudo
relacionado aos reflexos da industrialização, “perderam parte do potencial
explicativo com as transformações do processo produtivo e da configuração dos
espaços e da dinâmica urbana em geral”, exigindo cautela nas abordagens
elaboradoras sob este viés.
Embora se considerado
de forma dicotômica o processo de migração rural-urbana tenha seu ponto de
partida no meio rural, em uma visão sistêmica desponta uma gradação entre o
rural e o urbano decorrente de uma simbiose de muitas atividades outrora específicas.
Como destacado em Reis (2006), o processo não está isolado de suas relações com
o urbano, visto que
são realidades que não existiriam isoladamente.
Reis (2006) salienta
ainda que no Brasil são diversos e complexos os problemas que surgem na
tentativa de definir o que seja o rural e o urbano. Além da imprecisão na
delimitação dos perímetros urbanos, há uma legislação que não atende às
mudanças econômicas e socioespaciais que trouxeram novas funções ao rural.
Diante desta dificuldade, Silva (1997) ameniza a
problemática, destacando que a diferença entre o rural e o urbano é cada vez
menos importante. Pode-se dizer que o rural integra, em algum ponto, o continuum
teórico do urbano.
Entretanto, estas mudanças ocorrem não
somente na lógica da produção e do consumo, mas apresentam aspectos
multidimensionais, extrapolando os limites do econômico e até mesmo do social.
Trazem também novas necessidades ao contexto rural, no sentido de proporcionar
uma adaptação tanto do espaço quanto da população aos novos paradigmas.
Nestas
circunstâncias, o Estado tem um papel de destaque, pois tais mudanças demandam políticas
que tragam novos redirecionamentos econômicos, ambientais, sociais, que priorizem
ou releguem a infraestrutura necessária às atividades vinculadas ao capital, interferindo
no modo de vida da população.
A agricultura, por
exemplo, realizada sob bases tecnológicas mais eficientes e melhor mecanizada,
ao mesmo tempo integrada com a agroindústria, também é um fator que exerce
influência, tanto como impulsionador da migração quanto como fator de
permanência.
Traz também implicações
nas relações de trabalho. Silva (1997, p. 25), por exemplo, em relação à
política de emprego, destaca que:
o trabalho assalariado agrícola
vem diminuindo rapidamente nos anos 90; e a ocupação em atividades
agrícolas só não vem caindo mais rapidamente porque vem
crescendo o número de pessoas que se
dedicam a atividades agrícolas em tempo parcial e de autoconsumo, especialmente
nos segmentos da agricultura familiar.
Por outro lado, a
possível saída destas pessoas do campo para a área urbana, também contribuiu
aos interesses do mercado, gerando suas conseqüências. Damiani (2008, p.44)
comenta que essa massa de trabalhadores disponíveis pressiona os salários dos
que estão empregados de forma a não acompanhar proporcionalmente o incremento
da produtividade.
Ressaltando que para
Silva (2001), dizer que atualmente o espaço rural brasileiro é agrícola é um
mito, dado o crescimento de atividades assalariadas e a redução do emprego
agrícola. Ao mesmo tempo, “a população residente no campo (...) parou de cair.
Esses sinais trocados sugerem que a dinâmica agrícola, embora fundamental, já
não determina sozinha os rumos da demografia no campo”.
Camarano e Abramovay (2010, p. 07),
acrescentam ainda uma nova perspectiva sobre o êxodo rural que deve ser
considerada: o envelhecimento e a masculinização da população que vive no
campo. Para eles “são cada vez mais os jovens que vêm deixando o meio
rural e entre estes é preponderante a participação das mulheres.”
Destarte, percebe-se
que a há uma complexidade de fatores apontados pelo referencial bibliográfico
que podem ter influência nos processos migratórios. Mais que isso, a teoria
referencia vastamente as contradições decorrentes dessa dinâmica as quais
extrapolam uma análise sob as dicotomias urbano e rural, e sociedade e Estado.
O êxodo rural, neste
contexto, submete-se a desdobramentos que perpassam diversas perspectivas,
impossibilitando explicações lineares de causa e efeito, requerendo uma análise
dialética e dinâmica das inter-relações constatadas.
Como aduz
Antico (1997, p.112), “as questões ligadas à migração vem adquirindo maior
complexidade, à medida que o movimento e os perfis dos migrantes se
diversificam” tanto em motivos quanto em características, o que torna
interessante verificar a especificidade de cada caso em análises estratificadas
e em escala geográfica menos abrangente, almejando captar a complexidade ou
influências de aspectos como a estrutura fundiária de
determinada região, aspectos sociais, econômicos, culturais, políticos,
ideológicos, além dos fatores subjetivos.
O
DISTRITO DE GUAMIRIM À LUZ DE UM ENFOQUE GEOGRÁFICO
Conforme
a classificação do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE
(2010), o território municipal de Irati localiza-se na Mesorregião Sudoeste do
Estado do Paraná. Dispõe de uma área territorial, segundo o Instituto
Paranaense de Desenvolvimento Econômico e Social - IPARDES (2011), de 995.289
Km² e atualmente é constituído por quatro Distritos: Sede, Gonçalves Júnior,
Itapará e Distrito de Guamirim, este delineado na pesquisa eilustrado na figura
a seguir
Figura 01 – Distribuição dos Distritos
no Município de Irati. (Clique para ampliar)
Fonte: Prefeitura Municipal de Irati
adaptado com base na Lei Municipal 2.164/04
Segundo dados do IBGE (2010) e IPARDES
(2011), o território municipal Iratiense apresenta uma densidade demográfica de
53,26 hab/km2, com uma população de 56.207 habitantes. Destes 44.932
residem na área urbana e 11.275 nas áreas rurais, expressando uma taxa de
urbanização de aproximadamente 79,94%.
O quadro seguinte apresenta as variações demográficas
ocorridas nos últimos anos, onde é possível perceber que em Irati ainda ocorre
uma
redução da população rural (uma variação percentual de mais de 13% nos
últimos 10 anos) e um incremento da população urbana, diferente de outras
regiões para as quais o referencial teórico apontou uma estagnação do êxodo
rural
Quadro 01 – Variáveis demográficas no
Município de Irati
ANO
|
População
Total
|
População
Urbana
|
População
Rural
|
|||
Nº
|
%
|
Nº
|
%
|
Nº
|
%
|
|
2000
|
52318
|
100%
|
39290
|
75,098%
|
13028
|
24,902%
|
2007
|
54151
|
100%
|
42195
|
77,921%
|
11956
|
22,079%
|
2010
|
56207
|
100%
|
44932
|
79,940%
|
11275
|
20,060%
|
Fonte: Prefeitura Municipal de Irati
(2007), IBGE (2000) e IBGE (2010)
Com relação aos aspectos
étnico-culturais da população iratiense, segundo Fillos (2008, p. 23) há “uma
mistura de raças (sic), uma vez que
antes mesmo da emancipação política do município, imigrantes e descendentes
iniciaram o processo de povoamento do território”.
Segundo Menon (1993, apud Fillos, 2008, p.23), quanto aos
aspectos econômicos, a agricultura sempre manteve papel de destaque.
Exemplificando, entre meados da década de 1920 até a década de 1940, era
cultivado em Irati 40% do trigo paranaense e o município era o maior produtor
de batata inglesa do país. Atualmente, predomina nas pequenas propriedades as
culturas de cebola, milho, soja e feijão.
Há também o cultivo do fumo em
diversas propriedades. Esta cultura, apesar das críticas, entre elas a
monopolização do território e a absorção de grande parcela dos lucros por
agentes externos, “ao garantir uma renda ao homem do campo (...) contribui para
atenuar o êxodo rural” (NABOZNY e RODRIGUES, 2011, p.05).
Para
o IPARDES (2011), considerando o município como um todo, soja, milho e o feijão
são os principais produtos agrícolas em termos de área colhida (34,4%, 34% e
16,40% da área agrícola respectivamente). Porém, quando se considera o valor
monetário da produção, o fumo assume a segunda colocação, embora ocupe menos de
6% da área agrícola total.
Quanto aos aspectos fundiários no
município e as condições dos produtores, dados do IPARDES (2011) revelam que a
maioria dos estabelecimentos (78%) é de propriedades dos próprios agricultores,
respondendo por 89% da área agrícola do município. A condição de ocupante,
apesar de expressiva numericamente, pode embutir em seus números agricultores
que compartilham a propriedade com familiares. Quanto aos arrendatários (7%),
pode incluir aqueles que buscam ampliar a área plantada.
Com relação especificamente ao Distrito
de Guamirim, parte constituinte do “todo” territorial do município, segundo Orreda
(2007), originou-se quando em 1839 duas bandeiras de Sorocaba chegaram ao
local, fundando em 1904 o Distrito de Bom Retiro. Com a instalação da Estação
Ferroviária Governador Manoel Ribas, há 3 km da sede do Distrito de Guamirim,
os produtores rurais tiveram a possibilidade de escoar a produção,
especialmente de batata inglesa para um mercado mais abrangente. O nome
Guamirim passou a vigorar em 1944, por decisão federal a fim de evitar
localidades com nomes idênticos.
Evidencia-se que no Distrito
tem-se fixo o colégio estadual do campo “Nossa Senhora de Fátima”. Segundo
dados da Secretaria Estadual de Educação do Paraná – SEED –o colégio acima
apontado conta em 2012, com um total de 426 alunos matriculados do 6º ao 9º ano
do Ensino Fundamental e do 1º ao 3º ano do Ensino Médio, além dos alunos nas
salas multifuncionais e de atividade complementar.
O estudo em questão ao propor
destacar a partir dos alunos concluintes do ensino médio que vivem no Distrito
de Guamirim os fatores influentes nos processos migratórios, identificou a
existência de diversas variáveis dinâmicas e com reflexos distintos conforme se
dão as inter-relações com outros fatores contextuais.
Dada a impossibilidade
de minuciar neste trabalho todos os resultados obtidos na pesquisa, especialmente
quando se considera a influência das inter-relações de todas as especificidades
existentes (geográficas, históricas, culturais, e dos próprios indivíduos) serão traçadas de forma genérica, as
principais influências que pressionam os pesquisados a migrarem, segmentadas,
para fins didáticos, pois na prática o contexto é sistêmico, em análise do
perfil dos alunos, características das propriedades rurais, questões
socioeconômicas, para finalmente convergir as análises para os motivos que
estimulam o pesquisado a migrar.
ANÁLISE DO PERFIL DOS ALUNOS
Embora a Lei Municipal
2.164/04 cite que 23 localidades compõem o Distrito de Guamirim, a maioria dos
alunos pesquisados reside nas localidades descritas no gráfico seguinte.
Gráfico 01 – Distribuição dos alunos pesquisados quanto à localidade de origem
Fonte: Pesquisa de campo
Na elaboração do
gráfico, para fins de simplificação, localidades contíguas, como Pirapó e Boa
Vista, Rio Corrente I e II foram agrupadas. Quanto às “outras localidades” (15%)
se refere à Empossados, Faxinal dos Ferreiras, Governador Ribas e Rio Preto. As
demais não estão representadas na pesquisa.
Destaca-se
que foram abordados os alunos concluintes do ensino médio. Nas outras turmas e
séries pode haver preponderância de alunos de outras localidades. Entretanto, é
preciso evidenciar que algumas localidades, como Guamirim e Campina de Guamirim,
apresentam facilidades de acesso devido à proximidade com o Colégio. Localidades
como Rio Corrente, Rio Preto e Pirapó, embora exijam deslocamentos, por se
localizarem próximas à rodovia (PR 364, que liga Irati à Inácio Martins) apresentam maiores facilidades de acesso ao
transporte escolar, diferente das dificuldades de outras localidades,
especialmente nos dias de chuva.
Os
dados ainda revelam que preponderam alunos concluintes do ensino médio do
gênero feminino, sendo apenas 30% do sexo masculino. Esse resultado induz a
refletir se tal fato decorre da predominância de mulheres nas localidades,
portanto, uma questão demográfica, ou se exprime a maior inserção e
continuidade do gênero feminino no campo educacional, ou ainda se associa-se a
questões socioeconômicas, como por exemplo, se os homens estão deixando o
estudo e se dedicando às atividades profissionais no campo ou mesmo nas cidades
ou tendo mais faltas para auxiliar nos períodos de safra.
Quanto à idade, a
pesquisa revelou que não há significativa distorção série/idade entre os alunos
pesquisados, já que 84% dos alunos do 3º ano têm entre 17 e 18 anos (nascidos
em 1994 ou 1995).
CARACTERÍSTICAS DAS PROPRIEDADES RURAIS
O
questionário procurou patentear também quais as atividades que as famílias dos
alunos se ocupam em suas localidades. Os dados revelaram que 70% desempenham
atividades relacionadas com a agricultura. Os 30% restantes desenvolvem
atividades classificadas na pesquisa como não agrícolas, como trabalho
assalariado, construção, transporte de madeira e reflorestamento.
Ampliando
a especificidade dos resultados, a questão seguinte quantificou as respostas
segundo o tipo de atividade agrícola realizada pelas famílias.
Gráfico 02 – Tipo de
atividade agrícola realizada na propriedade
Fonte: Pesquisa de campo
A
predominância da cultura do tabaco no Distrito de Guamirim se coaduna com o que
expressam Fillos (2008) e Nabozny e Rodrigues (2011), que defendem que o relevo
acidentado do município é um dos fatores que contribui para a opção agrícola do
plantio do fumo nas pequenas propriedades, o qual relativamente a outras
culturas, não exige máquinas e permite a utilização praticamente total do
espaço disponível.
Ressalta-se
que para o IPARDES (2011), no município, soja, milho e o feijão são os principais produtos agrícolas em
termos de área colhida (34,4%, 34% e 16,40% respectivamente). Porém, quando se
considera o valor monetário da produção, o fumo assume a segunda colocação, perdendo
apenas para o feijão, embora ocupe menos de 6% da área agrícola total.
Isto suscitou a verificar o tamanho relativo das propriedades na concepção
dos pesquisados, tomando como base para a comparação a maioria das propriedades
vizinhas do aluno.
Gráfico 03 – Tamanho relativo da propriedade na
percepção dos pesquisados.
Fonte: Pesquisa de campo
Constata-se
que embora exista um percentual significativo de propriedades consideradas
menores, prevalece um equilíbrio na estrutura fundiária. É expressivo o número
de pesquisados que não percebem a existência de grandes propriedades no entorno
de onde residem, demonstrando uma baixa tendência de concentração fundiária.
Reforçando
as inferências e eliminando algumas interpretações que não tenham correlação
entre si, relacionou-se o tamanho da propriedade com as principais atividades
desempenhadas pela família dos pesquisados. Verifica-se que é nas propriedades
classificadas como relativamente “um pouco maior” onde exclusivamente se
desenvolvem atividades relacionadas com a produção orgânica. Também se destacam
as culturas de soja e feijão.
Fonte: Pesquisa de campo
Com exceção das
propriedades classificadas como “um pouco maior”, a fumicultura está presente
de forma intensa. Da mesma forma, as
atividades não agrícolas, que se referem às relações de emprego em suas
diferentes formas, são desenvolvidas em todos os tamanhos de propriedade,
entretanto, nas propriedades menores são mais expressivas, demonstrando uma
possível necessidade de complementação de renda ou se relacionando com o fato
da fumicultura exigir maior quantidade de trabalho apenas em determinados
períodos.
Também
é possível verificar a predominância de determinado tamanho relativo de
propriedade segundo a localidade de residência do pesquisado. Neste cruzamento
evidenciou-se uma regularidade na estrutura fundiária de todas as localidades
que compõem o Distrito. Situação mais discrepante ocorre apenas na localidade
do Rio Corrente, onde a totalidade das propriedades dos pesquisados foram classificadas
como menores ou bem menores que as existentes no arredor.
Também
é possível vincular a localidade com a atividade desenvolvida na propriedade, buscando
a indicação de alguma vocação agrícola nas localidades, tendo em vista que a
escolha da atividade agrícola muitas vezes não é
autônoma, mas decorre das possibilidades da propriedade ou do lugar.
Sobre isso, destaca-se que na localidade de Guamirim,
onde está instalado o Colégio Estadual do Campo, além de uma escola rural de
séries iniciais do ensino fundamental, onde há 2 mercados, posto de saúde,
farmácia, entre outros estabelecimentos, é maior o percentual de famílias de
alunos que dedicam principalmente à atividades não agrícolas.
Nas demais localidades, a atividade agrícola tem
significativo destaque, sendo que em nenhuma delas, o percentual de famílias
está abaixo da média (33,33%), merecendo destaque Barra do Gavião e Pirapó, com 67% e 63% respectivamente. Entretanto, a cultura do fumo também se destaca na
maioria das localidades. Em Taquari, quase 70% dos pesquisados tem famílias
dedicadas à cultura do tabaco. Destacam-se também Rio
Corrente (50%) e Pirapó (38%)
ASPECTOS SOCIOECONÔMICOS
A
existência de uma parcela significativa de familiares que desenvolvem
atividades não agrícolas, especialmente sob a forma assalariada e nas
propriedades menores, impõe a apresentar também a existência na família dos
pesquisados de pessoas que trabalham de forma assalariada e de pessoas maiores
de 18 anos em busca de ocupação profissional.
Os
dados obtidos com os questionários revelam que 41% dos pesquisados têm, em sua
família, pessoas trabalhando externamente de forma assalariada. Quanto à
existência de pessoas maiores de 18 anos em busca de ocupação profissional, 56%
dos questionários confirmaram esta busca, demonstrando que o trabalho e a renda
gerados pela propriedade não são suficientes para integrar todos os membros da
família.
Obviamente,
esta integração não pode ser interpretada simplesmente pelo viés econômico, já
que diversas variáveis podem exercer influência na busca de ocupação, inclusive
a escolaridade dos indivíduos, o número de pessoas na família, o tamanho da
propriedade e o tipo de cultivo, especialmente quando se refere à cultura do
fumo, como também o desejo pessoal de independência, revelando a subjetividade
implícita na questão.
Relacionando
os dados referentes à busca por ocupação profissional com o número de membros
da família, os dados indicam que é nas famílias com mais de 5 membros que
predomina a existência de pessoas buscando ocupação.
Porém,
quanto ao número de membros da família ter uma correlação com o fato dos
familiares dos pesquisados deixarem a localidade, não há consistência
estatística nos dados para tal afirmativa. O cruzamento dos dados indica que o
maior número de migrações de familiares ocorreu nas famílias de 3 a 4 membros, entretanto,
este é o tamanho de família predominante (66,7% dos pesquisados).
Quanto aos motivos da
saída de familiares da localidade, a busca por emprego representa 58% das
respostas de todos os pesquisados que tiveram casos de migração na família e a
saída para estudar representa 26% deste total, indicando serem dois fatores
sumamente importantes. Todavia, a busca por emprego prevalece nas propriedades
menores.
FATORES QUE INFLUENCIAM A MIGRAR
Especificando
as razões que podem impulsionar os pesquisados a migrar, o questionário
contemplou a seguinte pergunta: Pretende continuar estudando após a conclusão
do ensino médio ?
A maioria dos pesquisados (81%).
pretende continuar estudando, 15% não pretende e 4% ainda definirá a escolha.
Tendo em vista que após o ensino médio as possibilidades na localidade atualmente
são nulas, estes alunos dependerão de locomoção diária ou de residir na área
urbana para dar continuidade aos estudos.
Relacionando esta questão com o
gênero do aluno, evidencia-se que os pesquisados do sexo feminino apresentam as
maiores intenções de continuar estudando. Com relação aos pesquisados que não
querem prosseguir com os estudos a variação percentual é de 138% entre mulheres
e homens. Apenas 10,5% delas não querem continuar estudando, e deles, 25%
pretendem findar sua escolaridade ao término do ensino médio.
Complementado
esta questão, os dados revelaram que 100% dos pesquisados que continuarão seus
estudos pretendem mudar sozinhos para a área urbana, evidenciando a necessidade
de qualificação e de estudo como um relevante fator de influência na migração
dos jovens para a área urbana.
Como
não se pode afirmar que a busca por estudo é a única ou mesmo a principal variável
capaz de impelir estes jovens a mudar, verificou-se se há motivos ou não para
migrar em relação ao tamanho da propriedade familiar.
Os
dados mostraram que à medida que diminui a classificação do porte relativo da
propriedade, eleva-se o percentual de pesquisados que apresentam motivos para
deixar a comunidade. Nas propriedades “um pouco maiores”, nenhum pesquisado
apresentou motivos para migrar. Nas propriedades de tamanho “semelhante” às do
entorno, 58 % apresentaram razões para o êxodo. Nas propriedades “menores” e “bem
menores”, 100% dos pesquisados apresentaram razões para deixar a localidade,
indicando ser uma variável significativa.
O Coeficiente de Correlação
de Pearson, aplicado às variáveis “tamanho da propriedade” e “percentual de
alunos que diz ter motivos para mudar”, apresenta um R² de 0,93, indicando uma
forte correlação estatística entre estas variáveis.
Considerando
a existência de questões pontuais ou específicas em cada localidade pertencente
ao Distrito de Guamirim, correlacionou-se também a “existência de motivos que
impulsionam a migrar” com a localidade dos pesquisados. Os dados evidenciaram uma
dispersão das respostas, tanto afirmativas quanto negativas, em todas as
localidades, indicando que os fatores que estimulam os pesquisados a migrarem para
a área urbana existem em todas as localidades do Distrito, evidenciando uma
questão regional mais abrangente, como fatores sociais, políticos, econômicos, etc.
ou mesmo um fator subjetivo ou cultural, especialmente relacionado à idade e
escolaridade dos alunos.
O
questionário também contemplou um conjunto de perguntas abertas. Nelas os
pesquisados deveriam expor os pontos positivos e negativos, as vantagens e
desvantagens de residir na localidade. O gráfico abaixo demonstra,
quantitativamente, estas respostas.
Fonte: Pesquisa
de campo
Embora arbitrariamente,
as respostas mais recorrentes foram classificadas em 4 grupos de aspectos. Os
grupos aspectos culturais e de qualidade de vida e aspectos ambientais não se
mostraram como forças influentes na migração, ao contrário, neles se destacaram
respostas como a religiosidade, solidariedade, sensação de segurança, natureza
e o convívio familiar. Entretanto, tais
fatores referem-se muito mais à individualidade e o modo de vida de cada
estudante, se relacionando, inclusive, com a identidade com o lugar. Além
disso, como explica Santos (2004, p. 40) “valores culturais não constituem, em
si mesmos, a explicação de fenômeno algum; são antes, fenômenos que devem ser
explicados”.
Quanto aos aspectos
socioeconômicos e político-estruturais, vastas críticas referentes à péssima
conservação das estradas, a deficiência dos transportes, nos setores de saúde,
a dificuldade de comunicação, de manter e continuar a escolaridade e de obter
trabalho. Mencionou-se positivamente a proximidade (de algumas localidades) da
área urbana, menor custo de vida e o lazer, como campos de futebol, rios, etc.
Tais
fatores em
sua maioria são dependentes de ações materiais, como investimentos em obras públicas bem
como o atendimento de determinadas necessidades percebidas
pela população, portanto, justificam uma ação harmônica do Estado
com as demandas sociais, destacando a influência do poder público, mesmo que indiretamente, como um dos fatores
influentes na decisão dos estudantes pesquisados em
migrar.
Alerta-se, entretanto, que tais fatores não são estanques,
mas inter-relacionados.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A presente investigação
objetivou precipuamente elencar os principais fatores que influenciam na
permanência ou migração dos jovens concluintes do ensino médio do Colégio
Estadual do Campo Nossa Senhora de Fátima, no Distrito de Guamirim, em Irati PR
para a área urbana.
Para chegar ao objetivo
geral proposto, tornou-se necessário verificar as
principais características sociais, econômicas, políticas e culturais da
localidade através da fundamentação teórica e ponderar a relação que tal
questão mantem com o perfil socioeconômico dos
alunos pesquisados.
Os dados
revelaram que a maioria dos pesquisados advém das localidades de Guamirim,
Campina de Guamirim, Pirapó, Boa Vista e Taquari, tornando os dados referentes
a estas localidades mais consistentes.
A análise
também revelou que a família dos pesquisados é composta predominantemente por 3
a 4 membros. Famílias estas que se dedicam, principalmente, às atividades
agrícolas, com destaque para a importância da cultura do tabaco, especialmente
nas propriedades menores.
De modo
geral, a estrutura fundiária do Distrito não apresenta graves distorções. Dessa
forma, o tamanho relativo das propriedades, não se constitui, de per si, em pressão para os jovens
deixarem a localidade onde residem, porém, é preciso integrar a esta relação o
tamanho das famílias e a necessidade de mão-de-obra na cultura agrícola
predominante (tabaco). Pode-se se dizer, porém, que o tamanho da propriedade
exerceu influência na migração dos familiares dos pesquisados.
Associado ao tamanho da
propriedade está o tipo de cultivo agrícola. Embora nas propriedades menores,
onde há maior tendência ao êxodo, predomine o cultivo do fumo, e tendo em vista
as características desta cultura em termos de necessidade de mão-de-obra, não
se pode afirmar que isoladamente ela seja vista como a variável de destaque no
Êxodo rural. Isto porque até mesmo na localidade do Guamirim, que entre todas
as outras do Distrito é a que mais se dedica às atividades não agrícolas, é
significativo o percentual de interessados em migrar,
Entre os fatores que
despertam a atenção pela significância das respostas como influente na migração
aparece a intenção de continuar estudando, com leve predominância das mulheres.
Considerando que no Colégio Estadual
do Campo Nossa Senhora de Fátima só há a oferta até o ensino médio, as
possibilidade de permanecer no local praticamente se excluem. Neste sentido,
este seria o fator a piori impulsionador
do êxodo. Entretanto, em muitas localidades poderia haver a possibilidade dos
alunos se deslocarem diariamente para a sede do município. Entretanto, esta alternativa
depende da possibilidade de transporte público nos dias e horários adequados ou
condições financeiras para suportar o transporte particular. Assim, despontam duas
variáveis como importantes: o transporte escolar e a localização geográfica, já
que esta influencia na oferta e no custo daquele.
Considerando que houve
má avaliação das condições das estradas, do transporte coletivo, associado à
distância desprivilegiada de algumas localidades da sede do município e dos
serviços demandados (entre eles a possibilidade de continuar estudando através
de deslocamentos diários), tal fator se torna importante como impulsionador das
migrações para a área urbana.
Assim, percebe-se grande influência do Estado, mesmo que indiretamente, como força
impulsionadora influente na migração,
pois embora a necessidade ou desejo de escolaridade seja uma variável de grande
força e destaque para o perfil pesquisado, isso poderia ser auferido sem o
êxodo da localidade caso existissem melhores condições das estradas, maiores
opções de transporte público ou mesmo a oferta de novas modalidades de ensino,
atenuando, inclusive, os reflexos da localização geográfica mais distante da
área urbana ou dos serviços demandados.
Pesa ainda a
necessidade de trabalho. Mesmo nos lugares onde há melhores condições
estruturais, muitos familiares dos pesquisados já deixaram a localidade em
busca de ocupação. Isso mais uma vez reforça a necessidade de políticas
públicas que garantam a fixação das pessoas no campo, na medida em que na
cidade, as perspectivas socioeconômicas se mostrarem pouco atrativas.
Considerando a
interdependência entre esses fatores, maiores investimentos no campo
possibilitariam além da permanência do jovem qualificado no campo, incentivos
para atividades agroindustriais se instalassem nas regiões e consequentemente,
a existência dos serviços demandados pela sociedade.
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