O folclore brasileiro é repleto e rico de lendas e mitos que permeiam a imaginação das pessoas. Soma-se a isso os resquícios de uma sociedade rural, a cultura indígena (muito relacionada com a mata e fenômenos naturais), a forte crença místico-religiosa, mesclada com a rica imaginação do povo brasileiro.
Assim, até hoje, os mitos e lendas permeiam nosso folclore, as rodas de conversa, e, tratando-se dos famosos causos de assombração, a quaresma fertiliza ainda mais este terreno de imaginação e misticismo.
Duas dessas lendas, muito comuns em nossa região, são a do lobisomem e a do boitatá, ambos conhecidos por serem criaturas sobrenaturais que "aparecem" em praticamente todas regiões do país, com suas variantes.
Enquanto o lobisomem é um ser que se transforma de humano em lobo durante as noites de lua cheia, o boitatá é uma cobra de fogo ou um facho cintilante que protege as florestas (tradição Tupi) ou deriva da alma de pessoas ruins que cometeram certos pecados, como o adultério entre compadres e comadres.
Um causo sério !
Nesta comunidade, com poucas residências e cercada de matas fechadas (pois a agricultura ocupava áreas um pouco mais restritas), carente de energia elétrica, e repleta de carreiros por onde os moradores cortavam distância, havia uma senhora chamada Dona Maria, benzedeira muito requisitada e querida de todos, inclusive de pessoas de municípios vizinhos que a procuravam para benzer diversas enfermidades, como cobreiro, quebranto, bichas, dor de barriga, susto...
Dona Maria, sempre com seu lenço na cabeça e usando vestidos coloridos, não costumava fazer seus benzimentos após às 18 horas, mas em uma noite de lua cheia, em plena quaresma, surgiu uma emergência que ela não podia deixar de atender.
Seu João, um antigo morador da redondeza, que