Empreendedor: um conceito ideológico e enganador?

Nos últimos anos, tornou-se comum ouvir que “todos são empreendedores”. Do motorista de aplicativo ao vendedor ambulante, do microempreendedor individual ao trabalhador que presta serviços por demanda, a revendedora de cosmético, quem vende doces no sinal, etc. Todos passaram a carregar o título que, por muito tempo, foi reservado aos grandes capitalistas.

Trabalhadores informais e o mito do empreendedorismo

Não estamos discutindo a importância, valor ou nobreza do trabalho. A questão é o termo para designar estes trabalhadores, o qual passou por uma mudança.

Mas essa transformação semântica não é neutra. Pelo contrário, é um dos maiores golpes ideológicos contra a consciência de classe no mundo contemporâneo.

O economista Joseph Schumpeter, considerado um dos expoentes do liberalismo no século XX, já deixava claro em sua obra Capitalismo, Socialismo e Democracia (1942) que o empreendedor era aquele que assumia riscos por meio da aplicação de capital. Em outras palavras, para Schumpeter, o empreendedor não era o trabalhador autônomo que luta para sobreviver, mas sim o capitalista que detinha os meios de produção e a capacidade de investir.

No entanto, no discurso contemporâneo