Entre o Púlpito e o Palanque: a Religião como Ferramenta de Poder e o Desafio da Esquerda Brasileira

A assertiva “o Brasil é um país religioso” pode ser comprovada tanto estatisticamente, através dos dados demonstrados pelos Censos do IBGE, quanto pela riqueza cultural derivada da religiosidade, tanto institucional quanto popular.

Destaca-se que a religiosidade popular não se dá de forma linear aos dogmas institucionais, nem é um subconjunto da religião institucionalizada.

Fonte: https://osdivergentes.com.br/

A religiosidade popular é complexa. Ela se mostra como espaço de resistência (Candomblé). Por vezes, é dependente ou derivada da religiosidade oficial; às vezes, autônoma; e, em certos casos, produto de amálgama cultural (Umbanda). Mescla-se com crenças e culturas locais, com interpretações diversas sobre os fenômenos sociais e naturais (xamanismo, nandarecó), com o contato com povos de outras religiosidades, inclusive globais (budismo, islamismo, etc.), em um sincretismo culturalmente enriquecedor. Às vezes, é apenas uma maneira peculiar de praticar a religiosidade no vácuo deixado pela institucionalização da fé (benzedeiras).

Já a religião institucional, de certa forma, é imposta, embora hoje essa assertiva possa ter perdido a força. Ela tem dogmas criados em contextos específicos, regras, liturgias e significações previamente determinadas que precisam ser seguidas. Mais molda do que se adapta aos sistemas sociais onde se instala. Tem uma visão de mundo própria (mas não isenta), embora estejam incluídos em seu arcabouço valores éticos universais.

Para destacar o poder e a influência da religião institucionalizada, mais precisamente do catolicismo, basta considerarmos que, com a