Um conto para a 10ª coletânea SESC: meu amigo boitatá

Texto classificado no Edital de Seleção de Contos Inéditos para a 10ª Coletânea Sesc de Contos Infantis. Livro lançado na 44ª Semana Literária SESC e Feira do Livro, em Curitiba, em agosto de 2025.

O folclore brasileiro: uma introdução

O folclore brasileiro é repleto e rico de lendas e mitos que permeiam a imaginação das pessoas. Soma-se a isso os resquícios de uma sociedade rural, a cultura indígena — muito relacionada com a mata e fenômenos naturais — e a forte crença místico-religiosa, mesclada à rica imaginação do povo brasileiro.

10ª Coletânea Sesc
de Contos Infantis
Assim, até hoje, os mitos e lendas permanecem vivos no nosso folclore e nas rodas de conversa. E, quando se trata dos famosos causos de assombração, a quaresma parece fertilizar ainda mais esse terreno de imaginação e misticismo.

Duas dessas lendas, muito comuns em nossa região, são a do lobisomem e a do boitatá, ambos conhecidos por serem criaturas sobrenaturais que “aparecem” em praticamente todas as regiões do país, com suas variantes. Enquanto o lobisomem é um ser que se transforma de humano em lobo durante as noites de lua cheia, o boitatá é descrito, na tradição Tupi, como uma cobra de fogo ou um facho cintilante que protege as florestas — embora, em algumas versões, derive da alma de pessoas ruins que cometeram certos pecados, como o adultério entre compadres e comadres.

Características culturais da região

Também é uma tradição e um traço cultural de nossa região o ofício das benzedeiras. Principalmente nas comunidades interioranas, essa figura fazia

Entre o Púlpito e o Palanque: a Religião como Ferramenta de Poder e o Desafio da Esquerda Brasileira

A assertiva “o Brasil é um país religioso” pode ser comprovada tanto estatisticamente, através dos dados demonstrados pelos Censos do IBGE, quanto pela riqueza cultural derivada da religiosidade, tanto institucional quanto popular.

Destaca-se que a religiosidade popular não se dá de forma linear aos dogmas institucionais, nem é um subconjunto da religião institucionalizada.

Fonte: https://osdivergentes.com.br/

A religiosidade popular é complexa. Ela se mostra como espaço de resistência (Candomblé). Por vezes, é dependente ou derivada da religiosidade oficial; às vezes, autônoma; e, em certos casos, produto de amálgama cultural (Umbanda). Mescla-se com crenças e culturas locais, com interpretações diversas sobre os fenômenos sociais e naturais (xamanismo, nandarecó), com o contato com povos de outras religiosidades, inclusive globais (budismo, islamismo, etc.), em um sincretismo culturalmente enriquecedor. Às vezes, é apenas uma maneira peculiar de praticar a religiosidade no vácuo deixado pela institucionalização da fé (benzedeiras).

Já a religião institucional, de certa forma, é imposta, embora hoje essa assertiva possa ter perdido a força. Ela tem dogmas criados em contextos específicos, regras, liturgias e significações previamente determinadas que precisam ser seguidas. Mais molda do que se adapta aos sistemas sociais onde se instala. Tem uma visão de mundo própria (mas não isenta), embora estejam incluídos em seu arcabouço valores éticos universais.

Para destacar o poder e a influência da religião institucionalizada, mais precisamente do catolicismo, basta considerarmos que, com a