Embora seja um erro comum atribuir à Contabilidade a missão de atender com primazia o fisco, ela tem diversos outros usuários para os quais suas informações são úteis e indispensáveis, inclusive a administração.
Os usuários da Contabilidade podem ser considerados todos aqueles que têm interesse em conhecer a situação em que a empresa se encontra e para que rumo ela está se orientando, principalmente com relação aos aspectos econômicos e financeiros.
Os usuários da Contabilidade podem ser considerados todos aqueles que têm interesse em conhecer a situação em que a empresa se encontra e para que rumo ela está se orientando, principalmente com relação aos aspectos econômicos e financeiros.
Atualmente, o número de usuários da informação contábil, ou seja, daqueles que tem interesse nas condições das empresas é relativamente maior, inclusive decorrente de mudanças sociais. Hoje há valorização das empresas ecologicamente corretas e pressões contra aquelas que exploram de maneira inadequada os recursos naturais ou provocam qualquer tipo de dano ambiental, tanto que muitas empresas auxiliam Organizações Não-Governamentais - ONG’s, desenvolvem projetos sociais, etc.
Porém, além das atitudes politicamente corretas exercidas pelas empresas, a sociedade se interessa em constatar se as empresas cumprem as exigências legais, com relação a funcionários, com relação à qualidade dos produtos ou serviços, etc. Isso é comprovado pelo destaque atualmente dado a demonstrações como o balanço social.
Entretanto, além da parcela da sociedade que se interessa pelas questões empresariais, Marion (2004) cita uma série de outros interessados, os quais são: os investidores que aplicam dinheiro na entidade, correndo risco e esperando o retorno justo; os fornecedores, que utilizam as informações contábeis para verificar a capacidade da empresa em honrar com suas dívidas, para planejar o volume de vendas, para decidir entre atender um ou outro contrato de venda, etc.; os bancos, que verificam fatores como a liquidez e o risco de insolvência para conceder crédito; o governo, para aplicar a tributação cabível, além de empregados, sindicatos, concorrentes, etc.
No caso das microempresas, a informação contábil, em muitos casos, atende
especificamente aos órgãos governamentais, gerando informações históricas apenas para confirmar as operações já realizadas ou cumprindo as obrigações burocráticas rotineiras, tais como: folha de pagamentos, emissão de DARF, GEFIP, GIA, CAGED, Funrural, ICMS, entre tantas outras.
especificamente aos órgãos governamentais, gerando informações históricas apenas para confirmar as operações já realizadas ou cumprindo as obrigações burocráticas rotineiras, tais como: folha de pagamentos, emissão de DARF, GEFIP, GIA, CAGED, Funrural, ICMS, entre tantas outras.
Também é necessário considerar também a interação e o entendimento do usuário da informação, ou seja, nesse caso, o gestor.
Oliveira, Müller e Nakamura (2000, p. 05 apud RESNIK 1991, p.137-138) mostram a “visão de alguns proprietários e gerentes de pequenas empresas que consideram os dados e a função da Contabilidade como ‘um mal necessário’. Isso porque se contentam em ver apenas os números das vendas e o lucro líquido.”
Isso, no entanto, não retira totalmente a responsabilidade da Contabilidade de fornecer informações relevantes e compreensíveis para seus usuários, enfim, que sejam úteis para atender as suas necessidades.
No complexo, competitivo e dinâmico contexto empresarial, o qual exige das empresas informações de qualidade e pressiona para que os responsáveis pela Contabilidade atendam as necessidades dos diversos usuários e contribuam para a gestão das empresas, é importante que a Contabilidade Gerencial ganhe destaque nas relações contador-empresa.
As próprias informações da Contabilidade financeira podem ser vantajosas para atender aos gestores. Na visão de Iudícibus et al. (1998, p.26). apud Oliveira, Müller e Nakamura (2000, p. 04) é possível que
a partir das informações levantadas, elaboradas e fornecidas pela Contabilidade, a administração da empresa – através de técnicas como as de análise e interpretação de balanços, auditoria, Contabilidade de custos e controladoria – pode tomar decisões quanto a investimentos, financiamentos, pagamento das obrigações, momento de substituição de ativos obsoletos (como máquinas, por exemplo), nível ideal de estoque, entre outras.
Vale lembrar que essa preocupação em utilizar a Contabilidade para atender às necessidades da administração é bem mais antiga que a atual visão dicotômica: Contabilidade para atender as exigências fiscais ou Contabilidade para fins gerenciais.
Segundo Schimidt (2000), no século XIX, escolas do pensamento contábil, como a Administrativa ou Lombarda, se preocuparam em integrar a Contabilidade com a Administração, para favorecer uma gestão eficiente, citando que sem o auxílio da Contabilidade, a gestão da entidade ficaria exposta à desordem.
Tudo isso comprova mais uma vez uma questão também já citada na terceira edição do livro Contabilidade Introdutória, em 1978, a qual é segundo Iudícibus, Kanitz, Ramos, et. al, (1978, p.312): “o objetivo da Contabilidade não é apenas fornecer dados exclusivamente para o fisco, mas sim proporcionar as informações necessárias para uma correta decisão e avaliação dos problemas de uma empresa.”
Isso se torna lógico quando se interpreta às remotas origens da Contabilidade, a qual surgiu em decorrência das necessidades humanas, mais precisamente do proprietário de bens, que queria controlar e mesmo administrar melhor seu patrimônio. Além de que, a Contabilidade, conforme citam Iudícibus, Kanitz e Ramos (1978), não deve ser interpreta como um fim em si mesma, mas como um meio, que para ser útil deve fornecer informações apropriadas para os interessados.
Leia também o texto: Resumo da História da Contabilidade, clicando aqui.
E leia também o texto: Construção Social da Contabilidade - das bases históricas à Teoria Geral de Sistemas, clicando aqui.
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