Obviamente, tratar de
desenvolvimento pessoal é algo complexo. Diversas teorias dos mais diversos
campos tratam da temática sob seu prisma específico, especialmente a psicologia
e os campos relacionados à educação. Mas é uma temática que vai além, transpassando diversas áreas da vida, mesclando saber científico, senso comum, experiência de vida.
O fato é que manter-se em pleno desenvolvimento é um
imperativo na atual sociedade da informação, extremamente dinâmica, fluída,
materialista, mas que se refugia ou retorna para a valorização da espiritualidade, enfim, nesta sociedade contraditória.
Porém, a busca por ser uma pessoa melhor (para nós e para os outros) não repousa
apenas nos saberes utilitaristas, técnicos, cientificamente rigorosos, passa
também pela sabedoria de vida, pela experiência, pelo querer vir a ser, seja por motivação pessoal, seja pelas imposições do contexto.
Hoje, além dos estudiosos e pesquisadores
(saber técnico-científico), muitos coachs, palestrantes, líderes religiosos,
influencers, entre outros, dão dicas para que você consiga desenvolver competências
para ser um sujeito em desenvolvimento contínuo. Isso abre o leque, obviamente,
para o subjetivismo, para a opinião, para a discordância. Mas assim é a vida.
Nem mesmo a matemática, com seu rigor cartesiano, está livre de discussões.
Sendo assim, com base na
leitura de alguns sites, condenso algumas crenças que impactam na nossa vida, na nossa forma de nos relacionarmos com o mundo e com os outros, de gerir as nossas próprias emoções, de questionar hábitos e valores arraigados, em suma, aquilo que compõem o que hoje se chama de inteligência emocional.Ressaltando que segundo a Febracis, crença é toda programação neural assimilada ao longo do tempo, principalmente na infância." Para explicar de forma mais clara, podemos usar a analogia da tábula rasa, conceito utilizado por Aristóteles na Antiguidade, e posteriormente por John Locke. Parte da premissa que as pessoas nascem como folhas em branco, porém, com o passar do tempo, adquirem conhecimentos, experiências familiares, sociais e interpretações pessoais que preenchem essa folha.
E estas crenças vão determinar o nosso comportamento, os nossos resultados, emoções, escolhas e a forma como vemos o mundo. São como imãs, atraindo aquilo que você acredita: você crê em uma verdade e ela se torna real. Ou parecem evidentemente reais para você.
1) PENSAMENTO 8 OU 80 (DICOTOMIZADO OU MANIQUEÍSTA)É um pensamento típico de pessoas que carregam um comportamento perfeccionista. E isso é desmotivante na medida em que ela não reconhece seus resultados, que não consegue crescer com os erros e experiências, especialmente quando anulam a qualidade do que é feito. Para elas, se não for um sucesso, automaticamente é um fracasso. Mas nem tudo precisa estar perfeito. Nem tudo é bom ou mau, céu ou inferno, quente ou gelado. Quase tudo na vida é um espectro, está em algum ponto de um continuum.
Nem mesmo a vida é tão dura
assim como estas pessoas pensam. Além de que, fracassos e sucessos geralmente
são momentâneos. Imaginem se uma criança desistisse de andar porque a primeira vez que tentou caiu, ou de estudar porque na
primeira conta que fez errou a multiplicação ?
E se alguém falar que roupa preta fica bem em você, não significa que a branca também não fica bacana, muito menos que a pessoa está sugerindo para você apenas usar preto daqui para frente !!
2) PENSAMENTO CATASTRÓFICO
Por outro lado, não se pode optar pelo pessimismo exagerado. nem 8, nem 80. Risco existe até mesmo em atravessar o rua. É impossível controlar tudo que nos cerca. E o exagero desta forma de pensamento pode tornar a pessoa pessimista. Estagnada por medo de uma mínima chance de falha.
Muitos textos falam que
tal comportamento é típico de pessoas que na infância sofreram diversas
pressões por resultado ou que sofreram fracassos traumatizantes. A questão é que agora, com consciência, podemos desenvolver a maturidade para repensar estas crenças, comportamentos e hábitos.
A alternativa é ser
vigilante quanto aos pensamentos. identificar pensamentos catastróficos e levar
a sua mente a avaliar outras hipóteses da situação. Calar aquela voz que diz
que tudo vai dar errado.
Já ouviu falar em gratidão ? Esta palavra, outrora usada predominantemente por religiosos, hoje faz parte do vocabulário de diversas pessoas que atuam na área de desenvolvimento pessoal, de palestrantes motivacionais, e até mesmo de estudos científicos, que comprovam que a gratidão e os sentimentos a ela associados são capazes, inclusive, de liberar ou produzir neurotransmissores positivos para nossa saúde física e psicológica, bem como nos torna mais tragáveis ao convívio social.
Isso gera desmotivação, pois a pessoa tende a atribuir seus resultados como fruto do acaso. Consegui passar no concurso por sorte (esquecendo as longas horas de estudo), consegui a promoção porque sou amigo do chefe, etc. É preciso comemorar as pequenas conquistas. Mesmo sendo algo simples, merece o reconhecimento. Isso gera um círculo vicioso: esforço, pequenas conquistas, reconhecimento, motivação, novas conquistas, realização, satisfação, vida mais feliz...
Quem dera se tivéssemos
este poder! Se bem que talvez as relações sociais fossem destruídas ou vivêssemos
na barbárie, nunca chegando a viver em sociedade se soubéssemos exatamente o que cada um pensa !
Basta a menor evidência
para mil pensamentos negativos surgirem. “Meu vizinho de apartamento derrubou uma
panela. Deve ser para me acordar”. “Meu chefe não me cumprimentou, devo feito
algo de errado”. “Ela respondeu meu oi de forma estranha, deve estar aprontando
algo”. “O cliente pediu 10 unidades a menos. Deve ter achado outro fornecedor”. "O garçom esqueceu o talher, deve ser porque não sou bem vindo".
O curioso é que ao
antecipar o resultado negativo, você potencializa as chances de que isso
realmente ocorra, pois os teus pensamentos vão orientar suas ações sobre o
fato. “Se ela respondeu meu oi de forma estranha, vou ignorá-la”. E ao
ignorá-la, ao mudar sua atitude, você está dando motivo para que ela realmente "apronte algo”, mude de comportamento, repense a amizade, o relacionamento, etc.
Portanto, tenha
autocrítica e desconfie de seus padrões de pensamento. Analise as situações de
vários ângulos. Não deduza imediatamente, não acredite que tudo é uma
conspiração. Isso não é ser ingênuo, é ser realista com a imprevisibilidade e
variação do comportamento humano. Ninguém sabe o que se passa na cabeça de
ninguém. E mais, quando você está na rua, em uma festa, 90% das pessoas estão preocupadas com elas mesmas. Geralmente não somos o centro da atenção de ninguém. E se 10% nos observarem, será mesmo que a validação deles é tão importante ? Será que o que eles pensarem vai definir minha vida, vai me marcar eternamente ?
Isso faz com que as
pessoas analisem um evento isolado como se fosse a regra. Foi a uma consulta
médica e foi mal atendido, deduz que todo médico atende mal.
É o caso do cliente que vai a uma lanchonete, recebe um lanche ruim e
passa a supor que sempre vai receber algo ruim em todas as lanchonetes, achando que o fato vai perdurar eternamente, sempre que ele chegar em qualquer lanchonete do planeta. Sempre o
ambiente vai estar ruim, o lanche ruim.
É preciso pensar que o
evento pode ser isolado. Que cada pessoa que lhe atende, que cada lanchonete,
que cada dia, cada circunstância são diferentes. Outro exemplo: fracassou em uma profissão (questione
o que é fracasso), não significa que não possa ser um sucesso em outra. Um excelente
médico não será necessariamente um excelente professor. Um músico brilhante não
será necessariamente um brilhante artesão. Sendo assim, não existe fracasso
total, existe fracasso em dada situação. E mesmo assim, serve de aprendizagem e
experiência.
Existem ainda outras distorções cognitivas, como por exemplo, quando a pessoa tende a personalizar tudo, achando que tudo é culpa dela. A empresa quebrou, o carro estragou, o Dólar caiu. Sempre se sente culpada. Vale a pena ler o material existente no site Cognitivo.com.
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