É impressionado como quando se trata de questões políticas,
a ideologia , a subjetividade e parcialidade ficam evidenciadas.
O site Brasil 247.com, por exemplo, traz uma
matéria defendendo a capacidade técnica do Ministro da Fazenda Guido Mantega.
Trata-se de uma defesa contra as críticas tecidas no jornal
britânico Financial Times e pelo ministro das Finanças da Inglaterra,
George Osborne, que criticavam a atuação de Mantega e a insistência do governo
brasileiro em mantê-lo no cargo.
Primeiramente, é preciso destacar que se a média
mundial de
crescimento econômico em 2013 foi de 3% e o Brasil conseguiu com muito esforço
2,3%, não há muito o que se comemorar. Estamos abaixo da média mundial, a qual
conta com um grande número de países pobres e muito menores que o Brasil.
Outro detalhe é que notícias em tom de propaganda,
anunciando o crescimento do PIB brasileiro, foram precipitadas, levando em
conta apenas as 13 economias que já haviam divulgado seus números até a data.
Um dia depois (28/02/2014), já segundo a Folha de São Paulo, um
levantamento com 36 países mostra que o crescimento do Brasil está no meio da
tabela, em 15ª (DÉCIMA QUINTO)posição, atrás de uma série de países.
Fonte: http://www.brasil247.com/ |
Isso pode induzir a interpretações equivocadas. Não se
trata de uma comparação do PIB brasileiro com outras economias. Se trata de uma
comparação do crescimento percentual do PIB brasileiro em relação ao
crescimento percentual do PIB de outras economias.
E isso traz sérias implicações nas interpretações
decorrentes. O PIB dos EUA é de
aproximadamente 17 trilhões de dólares em 2013 . O do Brasil não chega a
2,5 Trilhões. Ou seja, uma conta rústica elucida que uma elevação de 2% no PIB
estadunidense significa mais de 300 bilhões de dólares.
Com relação ao PIB do Brasil, um crescimento de 2,3% sobre
2,5 trilhões representa algo próximo de 62 bilhões, ou seja, aproximadamente,
crescemos 20% do que cresceu os EUA. (Clique aqui e confira a lista das maiores
PIBs do mundo)
Fonte: http://blogs.estadao.com.br/radar-economico |
Ou seja, embora se tente defender a atuação do ministro e
retratar o Brasil como uma potência emergente, estamos longe de um
crescimento sustável. O atual crescimento se deu com base em gastos públicos
exorbitantes e insustentáveis e apoiada no consumo, mais especificamente, no
crédito. O resultado, a inflação que para ser contida depende de
ajustes na taxa de juros, a qual teve mais uma alta, passando dos 10% ao ano, o
que inibe os investimentos e o consumo, entrando em uma espiral de declínio
econômico.
E como a questão desses dados na mídia e nos meios virtuais
de modo geral ganha uma conotação política e ideológica, o blog Estadão traz
outra contribuição gráfica interessante. Mostra a variação percentual dos anos
de 2004 a 2013, relembrando que o país já esteve em situação muito mais
confortável, como também, no caso de 2009, teve um crescimento negativo.
http://blogs.estadao.com.br/radar-economico |
Além disso, o PIB, de per si, pouco significa
dentro de uma lógica social. Questões como desigualdade econômica, medidas pelo
Índice de Gini, como o IDH, deveriam ser o foco das preocupações.
Isso posto, as conclusões são livres.
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