No dia 17 de setembro de 2023 participamos da 7ª Caminhada Internacional na Natureza - Circuito Terra Nova - no município de Castro Paraná, mais precisamente na colônia Terra Nova.
Castro, situado às margens do importante rio Iapó, é um município que ostenta um notável potencial turístico, graças ao seu relevo exuberante, que inclui a impressionante formação geológica do Canyon Guartelá, além das belezas naturais singulares da região dos Campos Gerais. Fundado em 1778, Castro tem raízes na história dos tropeiros que percorriam o caminho de Viamão até Sorocaba, fazendo do local um importante ponto de passagem para esses comerciantes e seus rebanhos. É relevante notar que o município abriga o primeiro Museu do Tropeiro do Brasil, testemunho vivo de sua rica história.
Inicialmente, a área que hoje é Castro era conhecida como "Pouso do Iapó", devido à sua associação com a atividade tropeira. Mais tarde, motivos históricos, religiosos e políticos levaram a se definir o nome de "Freguesia de Sant'Ana do Iapó". Com o tempo, essa freguesia foi elevada à categoria de vila, desmembrando-se do território de Curitiba e recebendo a designação de "Vila Nova de Castro".
Os primeiros habitantes da região foram os povos indígenas, juntamente com os tropeiros que se estabeleceram na área. O município também viu um grande fluxo de imigrantes a partir de 1885, quando os primeiros grupos de colonos de origem polonesa e alemã chegaram, estabelecendo colônias como Santa Leopoldina e Terra Nova. No final do século XIX, Castro também recebeu imigrantes alemães protestantes, que se instalaram em regiões como Maracanã, Rio Abaixo e Bulcão.
O surgimento e crescimento da Cooperativa Batavo em Carambeí foram cruciais para a vinda de novos colonos holandeses para o Paraná. Às margens do rio Iapó, fundou-se a notável Colônia de Castrolanda, que deu origem à próspera Cooperativa Castrolanda.
Vale destacar que durante o período da Revolução Federalista, entre 1893 e 1894, Castro assumiu temporariamente o papel de capital interina do estado do Paraná, conforme estabelecido pelo Decreto Estadual nº 24, de 18 de janeiro de 1894. Esse capítulo da história demonstra a relevância histórica e política do município de Castro em solo paranaense.
Com relação especificamente à Colônia Terra Nova, lugar da 7ª Caminhada Internacional na Natureza, realizada pela Secretaria de Cultura de Castro em Parceria com a comunidade local, ela foi fundada pelo instituto de imigração da Alemanha em 1933 a qual comprou a fazenda Marilândia e dividiu em lotes de 2 a 8 alqueires de área que foram vendidos as famílias de jovens que vieram da Alemanha para iniciar uma vida nova no Brasil a base de muita dificuldade, enfrentando o trabalho agrícola sem muitos recursos ou experiência.
Hoje Terra Nova é uma colônia bem sucedida na qual as principais atividades são a produção de leite e o cultivo de milho e soja. Existem no lugar em cerca de 50 famílias que ainda preservam a cultura alemã, como a língua, canções e danças. Foi criada a associação Cultural de preservação da história e ecologia de Terra Nova que construiu no ano de 1999 um pequeno museu para abrigar os objetos e ferramentas da labuta inicial da colônia. Este museu está aberto para visitação a cada terceiro domingo do mês, bem como a trilha adjacente em um bosque com aproximadamente 100 árvores catalogadas.
Já no momento em que chegamos, o grupo teve uma boa recepção por parte da equipe organizadora. As estradas que davam acesso ao Museu do Imigrante Alemão, ponto de saída, estava muito bem sinalizada.
A caminhada percorreu trajetos de estradas rurais, passando por dentro de algumas propriedades, beirando lagoas e percorrendo algumas trilhas, mas predominantemente o trajeto se deu por estradas rurais.
O diferencial desta caminhada em relação a outras foi o trajeto um pouco maior em torno de 15 km. Além da distância ser um pouco mais desgastante para alguns caminhantes, as condições climáticas também influenciaram bastante, pois o dia estava quente, e pelo fato do trajeto ser mais longo o término se deu sob o sol a pino de meio-dia.
No percorrer das trilhas, a sombra das árvores e o ar fresco dava uma sensação de alívio, mas nas estradas rurais a irradiação direta do sol fazia com que a sensação térmica aumentasse bastante. Isso demandava dos caminhantes uma boa hidratação. E este foi um ponto de atenção na caminhada, pois normalmente, nas caminhadas mais frequentes, que variam de 10 a 12 km, se tem em torno de 3 a 4 pontos de apoio (onde há água e banheiros disponíveis).
Nesta caminhada, com 15 km, após sairmos do ponto de partida tivemos apenas dois pontos de apoio em meio ao trajeto, e em um deles a água acabou no momento em que alguns caminhantes passavam. Ficaria mais confortável, em uma caminhada deste porte, haver ao menos uns quatro pontos de apoio, além disso, mais banheiros também poderiam ser disponibilizados.
Há de se destacar, porém, que as inscrições eram, a princípio, para 350 participantes, vagas que logo se esgotaram. Esta procura grande pelas vagas, bem como o fato de ser a 7ª caminhada (experiência dos organizadores e evento conhecido e elogiado pelos caminhantes), demonstra que é um circuito de qualidade, com atrativos e bem organizado. Posteriormente foram abertas mais de 100 vagas no site Ecobooking (onde se faz a inscrição para os eventos credenciados). Ou seja, o evento foi planejado para um número específico de pessoas, mas graças aos fatores positivos e aos seus atrativos, a demanda foi muito maior, talvez até superando as expectativas e os recursos previamente organizados para o evento.
Tivemos ainda a oportunidade de conhecer o museu do imigrante alemão e ouvir a história do lugar contada por 3 irmãs residentes na comunidade, senhorinhas muito simpáticas, que estavam responsáveis pelo lugar. Outro destaque foi a culinária alemã oferecida no almoço e como opção de lanche durante o evento.
Esta foi uma caminhada que ficará em nossas memórias, que valeu muito a pena e merece ser repetida. Foi também um momento de superação para muitos caminhantes iniciantes que enfrentaram a distância, as subidas e o calor.
Algumas coisas não relacionadas ao evento, também chamaram a atenção. Afinal, as Caminhadas visam dar ao turista não apenas uma atividade física, mas também momentos de lazer, de espiritualidade, de contemplação das belezas naturais, conhecer a cultura, a história do lugar, e sobretudo, a história das pessoas. Ou seja, não vamos apenas para caminhar, para sentir os efeitos no corpo físico deste esporte popular, mas ter um sensação, uma experiência que mexe com aspectos emocionais, sentimentais, subjetivos e específicos. Assim, cada um cria um relacionamento, um sentimento, com o lugar, com os eventos que ocorrem, cada um cria suas lembranças, sua imagem mental e isso afeta as percepções e emoções.
Apesar de toda beleza, em dado ponto do trajeto, havia lixo espalhado, justamente próximo a um ponto de ônibus, que pode até mesmo ser usado pelo transporte escolar. Outra questão foram alguns cães, maltratados (magros, feridos, etc.) no pátio do museu, em busca de alimentos. São questões que podem tirar o brilho do evento e causar uma sensação negativa .
Tivemos o apoio da Secretaria Municipal de Esportes que disponibilizou um ônibus com 30 lugares para que pudéssemos representar devidamente uniformizados a cidade de Irati nesta caminhada, a qual é considerada um esporte popular. Para o grupo isso foi muito importante, pois foi a primeira vez que tivemos acesso ao transporte gratuito e isso promoveu momentos de interação entre o grupo.
Além disso, as Caminhadas tem em si próprias o objetivo de ser um esporte integrador, democrático. e ao dar a possibilidade de participarmos enquanto equipe dos eventos, a um custo menor (normalmente arcamos com todas as despesas), também estamos democratizando a participação. E estes eventos são um importante vetor de desenvolvimento regional através do turismo rural sustentável, bem como, estimuladores da prática esportiva e de todos os benefícios que ela proporciona.
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