Juntamente com as reformas políticas (da previdência e
trabalhista), lançadas sob o pretexto de reduzir o déficit público e
supostamente beneficiar a população, percebe-se paralelamente como política de
governo, um retorno às medidas de privatização típicas da década de 90, marcada
pelos governos liberais e de obediência aos ditames do “mercado” e dos grupos
elitistas. A retórica se repete: cortar privilégios, melhorar a eficiência,
beneficiar a população. A intenção, porém, não é difícil de perceber...
Fonte: Portal Vermelho |
Independente da forma jurídica adotada, na prática,
patrimônio público está sendo entregue à iniciativa privada sob o argumento de
melhorar a eficiência e reduzir o inchaço estatal. Porém, o que a propaganda diz para convencer a população e os resultados
concretos que o povo colherá nos próximos anos não são consoantes. Propaganda, ressalta-se, paga com recursos públicos, incoerentemente tirados da saúde, da educação,
da pesquisa e desenvolvimento, etc.
Vende-se ao povo uma falsa ideia de crescimento e
melhoria socieconômica, porém, o que se faz é uma velha política de
enriquecimento das elites que secularmente dominam o cenário econômico e
político brasileiro, marcado pela gritante desigualdade social. O pior de tudo
é que se utiliza de uma estratégia que manipula a opinião pública, escondendo
os reais interesses e apontando como culpados os trabalhadores, os quais na
verdade, são as tradicionais vítimas de todo processo de reforma que tolhe
direitos e amplia obrigações.
O objetivo, grosso modo, garantir a lucratividade de setores dominados pelas oligarquias tradicionais e compensar a incompetência dos governantes em gerir os recursos públicos disponíveis e convertê-los em utilidades à população, embora a classe governante seja hábil em utilizar-se da estrutura estatal para atender seus próprios anseios e de seus financiadores.
O objetivo, grosso modo, garantir a lucratividade de setores dominados pelas oligarquias tradicionais e compensar a incompetência dos governantes em gerir os recursos públicos disponíveis e convertê-los em utilidades à população, embora a classe governante seja hábil em utilizar-se da estrutura estatal para atender seus próprios anseios e de seus financiadores.
Entre tais medidas, uma que está recebendo pouca atenção
da opinião pública e da mídia é a tentativa de entrega e de desmonte dos
bancos estatais, como Banco do Brasil e Caixa Econômica Federal.
bancos estatais, como Banco do Brasil e Caixa Econômica Federal.
Para concretizar este plano, inúmeras agências estão
sendo fechadas. Como pretexto, utiliza-se a lógica de mercado, estereotipando
tudo que é público como ineficiente, esquecendo-se que as entidades públicas,
muito mais do que gerar lucro, têm a missão de gerar desenvolvimento social.
Assim, perante a opinião pública, justifica-se o fechamento de agências que supostamente
não geram grandes lucros e que atendem municípios com população reduzida ou
isolados.
E aqui está o X da questão. São justamente os pequenos municípios,
muitos nos longínquos rincões que necessitam de uma agência bancária para
promover seu desenvolvimento, para dar acesso à população aos essenciais
serviços financeiros. São os bancos públicos, como o Banco do Brasil, que fazem
o financiamento da produção agrícola, atividade que sustenta muitos municípios
de pequeno porte. É o BB que operacionaliza o PRONAF e garante a subsistência
do pequeno produtor rural, mantendo-o no campo, empregado, gerando emprego, renda e
segurança alimentar.
Ao fechar agências do BB, corre-se o risco de prejudicar
a atividade agrícola, especialmente nas pequenas propriedades. A falência por
falta de acesso às políticas públicas de financiamento ao pequeno produtor abre
a possibilidade de suas terras serem “tomadas” pelos grandes produtores
integrados ao agronegócio mecanizado e exportador, pouco preocupado com a
alimentação, com a geração de emprego e com a permanência do homem no campo.
A mesma lógica se repete com relação à Caixa Econômica. É
ela a principal financiadora do Sistema Habitacional Brasileiro. É ela a
responsável pelo maior volume de financiamentos habitacionais, movimentando a
economia, melhorando a infraestrutura nacional, propiciando o desenvolvimento
social e urbanístico.
O acesso a tais créditos dá possibilidade às famílias, especialmente a aquelas com menor poder aquisitivo, de ter a sonhada casa própria. Casa que é a materialização da dignidade humana, preceito basilar de nossa Constituição.
O acesso a tais créditos dá possibilidade às famílias, especialmente a aquelas com menor poder aquisitivo, de ter a sonhada casa própria. Casa que é a materialização da dignidade humana, preceito basilar de nossa Constituição.
Além disso, é preciso destacar que estes bancos estatais
têm políticas de financiamento de longo prazo. Tais políticas nem sempre são
atrativas aos bancos particulares. Os financiamentos de longo prazo estão sujeitos
a interferência de inúmeras situações, tanto econômicas, políticas, quanto
relacionadas ao próprio devedor. Eles têm um risco maior dada a diversidade de
fatores que podem se alterar ao longo do tempo. Os bancos privados, que visam apenas
ao lucro maior e mais rápido possível focam em linhas de crédito diversas, para
públicos distintos, sem ter a preocupação em financiar o desenvolvimento
nacional e social como fazem os bancos públicos.
Fonte: spbancarios.com.br |
Até mesmo o empreendedorismo, alternativa de emprego e
renda e de desenvolvimento socioeconômico se mostrará prejudicado ao reduzir a
atuação dos bancos estatais, pois o setor privado tem foco meramente econômico
e não diretamente social. E aqui fica fácil entender outra questão: o desmonte da previdência. Isso praticamente obrigará o trabalhador a se vincular aos planos privados para garantir uma aposentadoria digna, gerando mais lucro aos banqueiros.
Ressalta-se que as medidas pró-capital desse governo não
se restringem a estes pontos citados. Desenha-se um contexto com diversas ações que em conjunto, atendem aos interesses de poucos e cortam ou reduzem
direitos da população, ao passo em que os verdadeiros privilegiados continuam
intocáveis. Vide o salário e a aposentadoria dos políticos, assunto que sequer entra na pauta na discussão.
Fonte: conversaafiada |
Enquanto o governo fala em déficit público, limitando os
investimentos nas áreas essenciais como a saúde e a educação, concede isenções
quase trilhonárias de tributos às grandes petroleiras que irão explorar o pré-sal brasileiro.
Corta-se verbas, porém, se distribui emendas parlamentares e cargos em ministérios em troca de votos. Gasta-se fortunas em publicidade para vender a ideia de que a precariedade de muitos serviços públicos é culpa do servidor e não da falta de estrutura, de investimentos, de recursos e de políticas de qualificação e de valorização dos servidores e de um planejamento estratégico com solução de continuidade.
Corta-se verbas, porém, se distribui emendas parlamentares e cargos em ministérios em troca de votos. Gasta-se fortunas em publicidade para vender a ideia de que a precariedade de muitos serviços públicos é culpa do servidor e não da falta de estrutura, de investimentos, de recursos e de políticas de qualificação e de valorização dos servidores e de um planejamento estratégico com solução de continuidade.
Fonte: Sindilegis |
No caso do INSS, um trabalhador que recebe até R$ 1.659,38 pagará apenas 8%; caso tenha um rendimento de R$ 1.659,39 a R$ 2.765,66 a alíquota passará, por exemplo, a 9%. Além de que, servidor público, embora possa ser exonerado ou demitido por uma série de razões (a tal estabilidade é mais uma falácia, vide, por exemplo, os inúmeros casos que justificam a demissão no artigo 132 da Lei 8112/90), não faz jus ao FGTS, garantido aos celetistas.
Ainda com relação aos servidores, segundo o site Infomoney, o país tem proporcionalmente menos servidores do que países desenvolvidos. Segundo especialistas ouvidos pelo site Correio Braziliense, o número está na média quando se compara aos demais países da América Latina. Quando se fala em eficiência, deve ser realizada uma análise contextualizada e qualitativa, envolvendo a qualificação dada, as condições de trabalho, o nível e a esfera de governo, etc.
Segundo o site citado acima, o que preocupa os especialistas é a desigualdade na distribuição dos servidores em cada área. Enquanto sobram funcionários em certas áreas, como no Legislativo, faltam em serviços básicos, como saúde e educação. Além disso, existe uma discrepância salarial. O custo médio de um servidor do legislativo e do judiciário é em torno de 3 a 4 vezes maior que o custo de um servidor do executivo. Isso sem mencionar que a maioria dos servidores não está na esfera federal, que paga salários melhores, mas nas esferas municipal ou estadual, onde os salários são significativamente menores.
Atribui-se muito a
precariedade do serviço público ao servidor, o qual meramente executa as ações
definidas e impostas pela classe política, o qual depende de estrutura e de
investimentos para realizar seu trabalho de modo a satisfazer as expectativas
da população, forjadas em grande parte pelos discursos políticos demagógicos. Para ilustrar tal fato, basta citar o caso dos professores, os quais para
manterem as escolas em condições de atender aos alunos precisam abrir mão do
tempo pessoal, de finais de semana e se envolver em atividades das chamadas
APMFs para angariar recursos e investir na educação.
Chegamos ao absurdo de estar sendo discutido a possibilidade dos pais ensinarem seus filhos em casa (homeschooling). Uma excelente oportunidade para a iniciativa privada lucrar e para o governo não gastar com educação, sobrando recursos para os fins que já sabemos existir e para sustentar os interesses das elites. Afinal, a contenção de gastos só alcança o que beneficia o povo. Os verdadeiros privilegiados continuam sendo satisfeitos., pessoas críticas e esclarecidas não servem como mão de obra barata, tampouco se deixam alienar
Chegamos ao absurdo de estar sendo discutido a possibilidade dos pais ensinarem seus filhos em casa (homeschooling). Uma excelente oportunidade para a iniciativa privada lucrar e para o governo não gastar com educação, sobrando recursos para os fins que já sabemos existir e para sustentar os interesses das elites. Afinal, a contenção de gastos só alcança o que beneficia o povo. Os verdadeiros privilegiados continuam sendo satisfeitos., pessoas críticas e esclarecidas não servem como mão de obra barata, tampouco se deixam alienar
Enfim, o que parece é que atualmente o discurso
sociopolítico impõe uma pauta neoliberal ardilosa e maquiada que beneficiará
aos tradicionais grupos de poder, entregando paralelamente o patrimônio público
para garantir o lucro privado. Para isso, convence-se a população de que o
Estado é inchado e ineficiente. Utiliza-se da polarização política, da
escancarada corrupção e da falta de ética da classe governante (reflexo da
sociedade da malandragem e do jeitinho) para iludir a coletividade a pagar, de
bom grado, uma conta que não é dela. E como sempre, os maiores prejudicados são
aqueles da base da pirâmide social.
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