Rota das Cachoeiras Gigantes: mais uma vez em Prudentópolis

No dia 27 de agosto de 2023 voltamos à Prudentópolis para participar de mais uma caminhada Internacional na natureza. Desta vez, foi no circuito “Rota das Cachoeiras Gigantes”.

Destaca-se que logo que foi criado o grupo Acordei Caminhadas, a primeira participação oficial enquanto equipe foi em Prudentópolis, porém na localidade de Ponte Alta, fazendo o chamado Circuito Pinheiro de Pedra. (nota 8,57 em avaliação, segundo o Ecobooking).

Desta vez o número de inscritos foi maior em relação ao circuito Pinheiro de Pedra, que teve em torno de 280 caminhantes. O atual teve em torno de 850 inscrições para caminhada. Também teve a participação do pessoal do ciclo turismo em ambos os circuitos.

Com relação a organização, a cidade de Prudentópolis tem ganhado destaque no quesito Turismo. Um grande atrativo paisagístico, de beleza inigualável, é a existência de diversas Cachoeiras. Muitas delas de grande vulto. Soma-se à questão paisagística a predominância da etnia ucraniana, com sua riqueza cultural e sua culinária típica. Este contexto tem trazido um destaque relevante à cidade e dado ma experiência importante para as comunidades em termos de atendimento ao turista. E como sabemos, o turismo é uma “indústria” em ascensão, atraindo por N razões cada vez mais pessoas, com o diferencial de ter menor impacto ambiental, muitas vezes, gerando até mesmo conscientização.

Com relação à caminhada no circuito Rota das Cachoeiras Gigantes, algumas questões pontuais poderiam ser melhoradas em termos de organização. Já na chegada, no momento de validar a inscrição, as mesas estavam divididas em ordem alfabética (cada mesa atendia as pessoas cujos nomes começavam com um conjunto de letras - mesa 1 (ABCD), mesa 2 (EFGHI), etc.). Porém, como o cartaz ficava colado em uma carteira, o volume de pessoas impedia o caminhante de ver em qual fila deveria se posicionar. Este problema se resolveria facilmente colocando o cartaz no alto da tenda facilitando a visualização de longe para a qual fila o caminhante deveria se dirigir. Um pequeno detalhe que poderia fazer bastante diferença.

Outra questão que causou um certo desconforto no momento da aquisição dos cartões de café e de almoço, no início do evento. O controle de acesso ao barracão onde a alimentação estava sendo servida era no mesmo portão, formando uma fila que mistura pessoas que apenas queria adentrar ao recinto, comprar cartão do café (e se alimentar antes da caminhada) e comprar cartão para o almoço (necessitando entrar no barracão, neste caso, somente depois da caminhada). Ou seja, pessoas que queriam entrar para se alimentar e pessoas que queriam comprar o bilhete foram posicionadas ora na mesma fila, ora em fila ao lado, causando confusão.

Poderia haver uma fila para quem simplesmente queria acessar o ambiente para saborear o café da manhã (já tinha o ingresso) e outra fila para quem queria comprar o café. E de repente, mais uma fila separada, até mesmo em outro local devidamente sinalizado, para quem queria comprar só o almoço, pois estes últimos só necessitariam acessar o barracão na ocasião do almoço, evitando esta aglomeração desnecessária de pessoas.

E este detalhe na organização causou um segundo ponto de atenção: alguns membros da equipe organizadora estavam aparentemente agitados ou tensos, deixando transparecer isso na recepção e orientação aos visitantes e no trato entre os pares. E como sabemos, o turismo vende também experiência, impressões, não um produto tangível, mas o conjunto de sensações experimentadas pelo visitante.

Nestes quesitos, a caminhada realizada em Ponte Alta, também em Prudentópolis, se mostrou mais organizada, com uma melhor recepção, levando-se em conta, porém, que a quantidade de pessoas participantes era 1/3 desta aproximadamente. Obviamente um evento maior traz muito mais desafios. Detalhe: em Ponte Nova, era a quinta caminhada na natureza promovida pela comunidade. Esta é a primeira, salvo engano.

Com relação à paisagem, o trajeto predominantemente foi por estradas rurais. Teve um longo trecho de subida, um desafio estimulante para alguns caminhantes, mas que foram recompensados com a visão das serras ao horizonte.

Na parte final do trajeto, adentramos em propriedades familiares, tivemos acesso a algumas trilhas (como havia chovido recentemente, o trajeto estava liso, mas a organização se preocupou em fazer em cavar escadas e amarrar cordas para dar maior segurança). Também nesta parte do trecho, apreciamos algumas cachoeiras pequenas.

O trajeto em termos de beleza e atrativos ficou mais ou menos equilibrado com o trajeto do circuito Pinheiro de Pedra. O fato do circuito levar o nome "Rota das Cachoeiras Gigantes", porém, causou uma expectativa grande que talvez não correspondeu com a realidade do trajeto da caminhada, que tinha quedas d'água belíssimas, mas de volume menor. Isso, no entanto, não tirou a beleza do lugar, e perto dali havia opções de cachoeiras que poderiam ser visitadas após o evento.

Vale destacar que Prudentópolis é conhecida com a Terra das Cachoeiras Gigantes, por ter catalogadas mais de 100 quedas de água com altura variando entre 50 a 196 metros de altura. Porém, ao se traçar uma rota para uma caminhada, atividade que congrega um público muito variado, de diferentes idades e perfis, o trajeto precisa ser acessível a todos, o que inviabiliza, por exemplo, passar em lugares mais desafiadores dado o risco.

Outra comparação inevitável com a caminhada realizada anteriormente, por serem na mesma cidade, é que em Ponto Alta, e a época era propícia, foi servido aos caminhantes gratuitamente pinhão cozido nos pontos de apoio, água saborizada e acesso facilitado aos banheiros.

O interessante desta caminhada, e isso ocorre na maioria delas, e o que torna cada experiência única, é a interação que conseguimos manter com as pessoas durante o percurso.

No que tange ao relacionamento com os membros do grupo Acordei, a ida de van por parte de alguns proporcionou a formação de amizades, troca de ideias e sugestões, além da questão de custo, de comodidade. Isso permitiu também que durante o evento os integrantes permanecessem mais entrosados.

Obviamente, no decorrer da caminhada, cada integrante obedece a seu ritmo físico, aprecia as paisagens conforme seu gosto, tira fotos daquilo que particularmente lhe chama a atenção, e assim, o grupo se dissipa em conjuntos menores. Mas é importante, na minha opinião, que no início todos se reúnam para tirar uma foto, combinar eventuais acordos de organização, etc. O mesmo no final da caminhada, para tirar aquela foto de "trajeto concluído com êxito", para se certificar de que todos estão bem, etc.

Com relação à interação com pessoas de fora do grupo, tivemos a oportunidade de rever a Dona Florinda, uma senhora que se tornou amiga da nossa equipe e que já realizou mais de 30 caminhadas, tendo uma experiência significativa nesta atividade. Esbanjando simpatia e bom humor, na primeira caminhada que fomos conversamos com ela, a qual deu também uma entrevista para a RPC. (Clique aqui e assista a entrevista, e veja na íntegra a reportagem tratando da caminhada no Circuito Pinheiro de Pedra). Agora novamente batemos um papo com ela.

Tive a oportunidade de conhecer e conversar com o seu José, do grupo Caminhantes Independentes de Pinhais. Ele já está em sua quarta carteirinha ! Lembrando que a carteirinha tem espaço para 10 carimbos, ou seja, a cada 10 participações troca-se a carteirinha e após uma quantidade x de caminhadas, tem-se acesso a uma carteirinha de outra cor, que coloca o caminhante em um novo patamar no ranking (no site do Ecobooking).

Uma conversa muito interessante que trouxe ideias e informações sobre a forma de organização de grupos de caminhantes e que pode consistir em uma experiência a ser adaptada e implementada em outras equipes, inclusive no Grupo Acordei Caminhadas (o qual é recente - formalizado em fevereiro de 2013) , se deu com algumas integrantes do grupo Pé no Xisto de São Mateus do Sul. (Não confundir com o grupo Pé de Xisto, que é de corrida).

Este grupo tem mais de 10 anos de atuação. Sofreu uma interrupção em suas atividades no período da pandemia e agora retornou à atividade. O interessante é que este grupo é fechado, ou seja, conta com 40 membros efetivos e só há ingresso de novos caminhantes quando algum dos membros anteriores deixa de participar.

Isto ocorre porque o grupo tem uma parceria com a Secretaria de Esportes do município de São Mateus do Sul. Isso é possível, entre outras razões, porque as caminhadas na natureza são consideradas esportes populares. Através desta parceria, eles obtêm acesso a ônibus com lugares compatíveis com a quantidade de membros, facilitando a participação da equipe nas caminhadas que ocorrem na região, com custos menores, com maior comodidade e representando seu município.

Esta quantidade fixa de pessoas também facilita a administração do grupo, o senso de equipe e o fortalecimento dos laços de amizade e de interação entre os membros, e gera uma maior participação efetiva dos integrantes nas saídas ou excursões para as caminhadas, sem contar que a facilidade do transporte estimula as saídas, inclusive pela questão financeira.

Este subsídio da prefeitura é interessante para os caminhantes, mas também para o município, porque quando as equipes saem levam o nome do lugar e o representam. Isso valoriza a caminhada enquanto atividade esportiva, mas sobretudo, sua importância cultural, seu caráter socioambiental, a valorização do turismo e o desenvolvimento que ele pode gerar, especialmente nas comunidades rurais. Além de que, a caminhada é uma prática democrática e acessível, pois congrega pessoas de perfil heterogêneo.

Estas conversas podem trazer insights para que outros grupos definam seus objetivos, sua missão, sua visão, seus valores, para saber onde está e onde pretende chegar e assim traçar seus objetivos de forma mais clara e direta e transmiti-los aos demais participantes, fazendo com que todos mirem na mesma direção.

Estas conversas também proporcionam uma reflexão sobre a necessidade de implementar um circuito ou rota na região, pois há uma demanda crescente para as caminhadas e os deslocamentos se dão muitas vezes para regiões mais distantes, sendo que nossa região (Terra dos Pinheiras, pelo prisma do turismo ou Mesorregião Sudeste do Paraná, pela classificação do IPARDES) conta com atrativos paisagísticos encantadores e tem uma rica cultura, especialmente quando consideramos as etnias que residem nestes municípios os modos tradicionais de vida que poderiam ser melhor aproveitados.

Ressalta-se que juntamente com o pessoal representante da ADCSUL, da COMTUR, do IDR, de representantes de grupos de Caminhadas e de empresas da área de lazer e turismo, bem como da comunidade (italiana), estão ocorrendo tratativas para implementação de uma rota na localidade de Pinho de Baixo, em Irati.  Rota que posteriormente seria credenciada e integrada ao circuito das caminhadas internacionais na natureza. Isso, sem dúvida, se coaduna com a atual demanda por caminhadas, tem o potencial de trazer pessoas de diversos lugares para conhecer nossa região, valorizar os aspectos paisagísticos locais e demonstrar que o meio rural não se resume apenas na produção agropecuária, mas resguarda aspectos culturais importantes, inclusive em termos de desenvolvimento econômico e social através do Turismo, sobretudo o turismo ecológico.

Em suma, como lembrança e ativo da Caminhada em Prudentópolis, na Rota das Cachoeiras Gigantes, podemos dizer então que além dos atrativos paisagísticos apreciados e da culinária local, pudemos apreciar também uma chuva de ideias e reflexões que podem ser implementadas tanto no nosso grupo, quanto no desenvolvimento de uma rota loca, além das experiências e dos momentos únicos que vivemos nestes passeios, e este crescimento não tem preço e ninguém nos tira.

Após cada caminhada, cada experiência, cada contato com a natureza e com as pessoas, saímos diferentes, mais conscientes de nós, do outro, do respeito à natureza, nossa vida evolui a cada passeio.
Lembrando que estas são impressões ou opiniões pessoais do autor da postagem. Não se refere a opinião de todos os coordenadores do grupo, tampouco fala-se aqui em nome da equipe. São apenas considerações individuais, passíveis de críticas e discordâncias.

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