O velho matadouro municipal de Rebouças - PR

O crescimento e modernização da cidade, a expansão dos bairros e a construção do Fórum Eleitoral foram fatores que trouxeram, juntamente com o investimento na revitalização, uma nova estética à Praça do Expedicionário, localizada próxima ao Ginásio de Esportes Camilão, em Rebouças – PR.


Apesar das melhorias e das mudanças, às vezes, na correria do dia a dia, com os deslocamentos realizados preponderantemente de veículo, não percebemos a cidade e não nos damos conta da atratividade de seus espaços de vivência.

No meio dessa paisagem urbana que de forma distraída e apressada desconsideramos e nem sempre usufruímos, está o velho esqueleto do matadouro municipal. Uma construção antiga, parte da história do desenvolvimento da cidade, agora abandonado, trazendo, de uma forma ou de outra, uma determinada impressão  para quem eventualmente o observa e o questiona. Uma arquitetura interessante, histórica, um espaço disponível para ser utilizado.

O matadouro é uma
“cicatriz histórica” que ilustra as diversas mudanças sociais, econômicas e culturais pelas quais passaram o município. Marca, por exemplo, a dinâmica no espaço urbano das áreas com finalidades residenciais, de lazer e de atividades econômicas, que se alteram ao longo do tempo ilustrando as crescentes regulamentações e exigências ambientais e sanitárias para o desempenho de certas atividades. Dinâmica que ilustra ainda a expansão urbana e o crescimento demográfico, a valorização seletiva de áreas, inclusive determinada pelas escolhas (técnicas e políticas) dos Planos Diretores. A análise das transformações do espaço urbano possibilita também entender quais atividades prosperavam em determinada época, o modo de vida, os hábitos da população, etc.  Não se trata de manter uma estrutura anacrônica, mas de preservar a história que alicerça o presente e terá reflexos no futuro.


Em suma, o matadouro estava inserido em um contexto e notar o que resta de sua presença no atual espaço urbano é interpretar e reinterpretar aquele contexto, é reconstruir e valorizar parte da história do município, de seu povo.

Mas além do aspecto histórico, há ainda a nuance de valorização do patrimônio público e da estética urbana. Apesar do local atualmente integrar o centro da cidade, espaço valorizado com diversos atrativos, de haver diversos prédios e serviços públicos oferecidos em suas proximidades, da recente revitalização da praça, o esqueleto ainda em pé, sem utilidade, desvaloriza o espaço, desconstruindo sua estética e deixando de ser aproveitado e usufruído como bem público que é.

Dessa forma, me pergunto: para dar mais atratividade à praça, atualmente já melhorada e valorizada, não seria interessante restaurar aquela construção, transformando-a em um espaço de utilidade à população ?

Diversas opções poderiam ser pensadas pelos responsáveis por gerir o patrimônio público. A praça em si poderia ganhar ainda mais atratividade, ser um espaço de convivência ainda mais agradável, oferecer ainda mais equipamentos para a população usufruir, especialmente porque com a revitalização, com a disponibilidade da academia ao ar livre recentemente instalada, haverá maior circulação de pessoas e novas demandas.

Enfim, mesmo que a construção fosse reaproveitada para se tornar um mero banheiro público, a população já estaria sendo beneficiada, o patrimônio público estaria sendo utilizado de forma eficiente, e mantidas as características arquitetônicas, o patrimônio histórico-cultural estaria sendo preservado, isso sem se aprofundar na possibilidade do poder público formar parcerias com o setor privado (discurso em voga atualmente), cedendo o uso do local para o exercício de alguma atividade comercial tendo como contrapartida a restauração e manutenção da construção.



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