Caminhadas na Natureza: A Nova Tendência que alia desenvolvimento rural e qualidade de vida

CAMINHADAS NA NATUREZA: A NOVA TENDÊNCIA QUE ALIA DESENVOLVIMENTO RURAL E QUALIDADE DE VIDA.

 As ruas das cidades estão cada vez mais movimentadas, mas não é apenas o trânsito de veículos e a correria urbano-produtivista que vêm crescendo nos últimos anos. A circulação de pessoas está maior, mas não é apenas em deslocamentos a pé para o trabalho ou ao mercado. A população urbana tem abraçado com vigor o hábito das atividades físicas, ocupando academias, praças, parques, clubes, e até as ruas e estradas, ganhando destaque as caminhadas.

E percebe-se que esta atividade se destaca e se torna mais prazerosa ao ser realizada ao ar livre, especialmente em grupos, consistindo não apenas na prática pura de um exercício físico, mas combinando-se com momentos de lazer, de interação social, de relaxamento e de apreciação das paisagens.

É um contraponto ao acelerado ritmo de vida, ao uso intensivo de veículos e demais meios de transporte para poupar tempo, ao crescimento dos centros urbanos, onde se destaca o cinza e a dureza do concreto, e ao uso constante de telas em nosso dia a dia.

Em paralelo, verifica-se, além da busca crescente por estes momentos de atividade física, uma demanda por ambientes naturais,

por maior contato com a natureza (embora ela esteja em toda parte, até em nós), pelo maior contato com o rural, por contemplar as paisagens naturais, desacelerar, conhecer novas culturas e hábitos de vida.

Embora caminhar seja uma das ações mais naturais do ser humano, o ato vem ganhando uma nova concepção. Se transformando em uma experiência. E quem sabe, sendo até visto como um “produto”.

As pessoas estão almejando por experiências de lazer e descanso em meio à natureza, buscando locais com rica diversidade paisagística e elementos culturais únicos. Estão em um processo de fuga pendular do caos urbano e das pressões sociais, econômicas e culturais do sistema produtivista e estafante em que estamos inseridos.

É nesse contexto que as Caminhadas na Natureza surgem como uma atividade atrativa. Unem exercício físico, lazer, apreciação de paisagens belíssimas, contato direto com a natureza, interação social, e porque não, contato com elementos culturais diversos, apreciação da culinária, enfim, um contraponto à rotina agitada e conectada que marca nosso cotidiano.

Porém, não sejamos utópicos. As caminhadas, sejam elas individuais, coletivas, nas ruas, em praças, sejam as caminhadas na natureza (enquanto eventos promovidos para fomentar o turismo e o desenvolvimento rural) também estão incluídas, embora de forma adjacente, na lógica capitalista. São uma resposta do sistema para uma crise ou efeito adverso do próprio sistema.

Elas podem ser um meio de revigorar o indivíduo para encarar com mais entusiasmo  a rotina habitual. São, neste caso, uma espécie de fuga temporária e compensativa.

Elas podem também ser um meio de trazer lucratividade extra a determinados setores,  pois o fito de desenvolvimento social, ambiental, cultural das comunidades rurais está atrelado ao desenvolvimento econômico, ao turismo, ao consumo.

Mas para além desta análise, talvez histórico-dialética, essas caminhadas proporcionam muito mais do que exercício físico, e mais do meramente lucro ou retorno econômico.

Além dos benefícios para a saúde e para o bem-estar que as caminhadas ou as atividades físicas promovem e que a maioria já tomou consciência disso, os caminhantes têm a oportunidade de interagir com comunidades locais e mergulhar em sua cultura. E junto a estas vantagens e experiências de caráter individual e pessoal, as caminhadas ainda se mostram como instrumentos de desenvolvimento local e regional, sobretudo fomentando a agricultura familiar, a qual precisa de alternativas rentáveis para manter-se viável e sustentável diante do agrohidronegócio concentrador.

Enfim, os circuitos de Caminhadas na Natureza têm um objetivo amplo, o que incluir ainda ampliar o conhecimento sobre o meio rural. Eles mostram que este meio vai muito além da produção agropecuária, desempenhando múltiplas funções importantes, como geração de emprego e renda ao pequeno produtor, valorizando a produção de itens exclusivos ou artesanais, a conservação ambiental, além de guardarem e preservarem elementos culturais específicos e valiosos, muitas vezes diluídos ou não encontrados no meio urbano.

O sistema faxinalense, ainda existente em nossa região, é um exemplo de sistema cultural, social e econômico peculiar. Caminhadas neste meio, por exemplo, apresentam este modo de vida a diferentes parcelas da sociedade, chamam a atenção para questões socioculturais e econômicas, além da finalidade material de gerar renda como qualquer evento. Um exemplo deste uso se deu em Antônio Olinto, na localidade de Água Amarela. E assim pode ocorrer em qualquer outra localidade, podendo apresentar sua cultura, culinária, paisagens e sua organização socioeconômica enquanto comunidade.

Essa visão da multifuncionalidade do meio rural abre portas para o estabelecimento de outras atividades econômicas que podem impulsionar um modelo de desenvolvimento rural mais completo. Um modelo que não se concentra apenas nos processos produtivos, mas também considera as valiosas alternativas de desenvolvimento, como o potencial turístico dessas áreas, explorando a estética paisagística, a riqueza geográfica do lugar (cachoeiras, morros, florestas, fauna, árvores específicas, e até plantações, como os campos de Camomila em Mandirituba ou os campos de Lavanda em Carambeí.

Em resumo, as Caminhadas na Natureza se tornaram uma tendência popular para aqueles que buscam uma conexão com o meio ambiente preservado e esteticamente atrativo, o bem-estar físico e uma vivência enriquecedora com as comunidades rurais. É um movimento que transcende as ruas da cidade, levando-nos a explorar os encantos e possibilidades que a vida rural tem a oferecer, para além da produção agrícola. Além disso, traz todos os benefícios da prática esportiva, sendo considerado um esporte popular não competitivo.

Neste rumo, Irati, por exemplo, realizou em dezembro de 2023, sua primeira Caminhada na Natureza credenciada nos padrões do IDR – Instituto de Desenvolvimento Rural, destacando, por exemplo, a cultura do Pêssego, circulando por uma área de transição entre o urbano (Parque Aquático) e o Rural (região do Camacuã / Seminário e trilhas na mata adjacente).

 

ORIGEM DOS ESPORTES POPULARES

 

Após a Segunda Guerra Mundial, surgiu uma ideia que hoje se espalha por 54 países: os Esportes Populares. Mas o que seriam esses esportes? Basicamente, são todas as modalidades esportivas de natureza não competitiva, porém, sua história revela um propósito muito maior.

Seu berço foi a França, onde, devastadas pela guerra, as províncias e as periferias das grandes cidades buscavam uma forma de revitalizar as atividades comerciais e se recompor.

Assim, os Esportes Populares nasceram como uma ferramenta para estimular a economia local. Com o tempo, percebeu-se que essas regiões possuíam um rico patrimônio cultural e paisagístico, o que as tornava atrativas para o turismo.

Diante dessa riqueza, os eventos esportivos começaram a desempenhar um novo papel: o de integrar e incluir socialmente as populações regionais. A partir daí, os Esportes Populares passaram a ser reconhecidos como atividades populares e democráticas.

Nos mais diversos países, as modalidades envolvidas também são diferentes. Vão desde caminhadas, natação, esqui, entre outras que combinam com as particularidades locais. No Brasil, por exemplo, graças ao clima, é possível ter estas  atividades durante todo ano. Há, é verdade, um arrefecimento nos meses de dezembro e janeiro, talvez em virtude das férias e da temporada de praia, mas em geral, o ano todo é propício.

A estrutura organizacional das caminhadas internacionais na natureza é complexa e bem estruturada, com circuitos em nível local, com as federações em nível regional e com as confederações em nível nacional. No caso brasileiro, a Anda Brasil tem  papel de destaque, embora estados como o Paraná, estejam revendo sua participação enquanto membro.

No cenário internacional, a Federação Internacional dos Esportes Populares, sediada na Alemanha, atua como responsável pelas ações normatizadoras. Pode-se ver por exemplo, inclusive nas placas de orientação nas caminhadas credenciadas, o símbolo da IVV - Internacionaler Volksporter Verbunder (Federação Internacional dos Esportes Populares), de uso obrigatório.

No Brasil, a trajetória dos Esportes Populares ganhou impulso em 2006, quando foi fundada a ANDA BRASIL - Confederação Brasileira de Esportes Populares, Caminhadas na Natureza e Inclusão Social, tendo como sede o estado do Rio de Janeiro.

Essa entidade não-governamental tem como missão o credenciamento, a fiscalização, a organização e o cadastro dos circuitos nacionais. Atualmente, o país conta com mais de 500 circuitos cadastrados, espalhados por todas as regiões.

As caminhadas também contam com a participação e assessoria do IDR (Instituo de Desenvolvimento Rural do Paraná), antiga EMATER. Esta entidade promove a organização do circuito em parceria com municípios onde ele realizado. O intuito é incentivar o turismo rural no Paraná. Além das Caminhadas na Natureza, o IDR-Paraná desenvolve outros projetos para estimular o turismo no campo, como Rota do Queijo, Rota da Lavanda, Mulheres do Café, Caminhos da Uva, eventos gastronômicos e festivais em várias cidades.

Outra  entidade que merece destaque nesta articulação é o Ecobooking. Segundo a plataforma, trata-se de um sistema de gestão do turismo capaz de facilitar e promover o ordenamento da atividade turística. “Ele cria um modelo de gestão baseado na constituição de uma rede de cooperação voltada à exploração sustentável dos recursos turísticos de um município, envolvendo o Poder Público e o Trade Turístico”.

No caso das caminhadas, o site oferece um calendário com todas as caminhadas confirmadas ou a confirmar. Permite verificar quantos participantes por cidade fizeram sua inscrição. No menu do caminhante, é possível acompanhar a posição no ranking, a quilometragem percorrida,  avaliar os  eventos, solicitar a carteirinha, etc.

Oferece ainda serviços como por exemplo: acompanhar as inscrições, enviar e-mails para inscritos, vídeos de treinamento, divulgação do evento, formulário de avaliação, bilheteria eletrônica, termo de responsabilidades para os participantes quadro de normas para o evento, cadernetas da IVV para os esportistas, cadastro dos grupos de caminhada, etc. O uso desta plataforma por parte dos organizadores do evento é pago a depender do número de vagas oferecidas (inscrições) para o evento. Para o esportista popular, é de uso gratuito.

Mas entre todos estes atores envolvidos, o que merece maior destaque, é a Comunidade Local. No fim das contas, é ela, após ser orientada e capacitada, com participação do IDR, que irá promover o evento. Irá indicar os melhores traçados de rotas, as propriedades mais adequadas para o trânsito dos caminhantes, a época do ano mais propícia para o evento, definir o que será servido no café ou almoço, apresentar os produtos típicos da região. Irá recepcionar os visitantes, oferecer seus produtos, revelar a identidade do lugar. A ela cabe o maior esforço. Mas sem dúvida, é a estrela desta organização.

Os Esportes Populares provam que, além de movimentar o corpo, também têm o poder de movimentar comunidades inteiras, promovendo a integração, a inclusão social e o desenvolvimento territorial sustentável, fazendo com que as pessoas aufiram não apenas os benefícios da atividade física, os quais já são muitos, mas interajam com comunidades locais, conheçam culturas, elementos paisagísticos diversos, fomentem o turismo e o desenvolvimento sustentável, e fortaleçam o espírito de equipe ao estimular a participação coletiva.

Informações e Dicas para as Caminhadas, de acordo com as normas internacionais do IVV, adotadas pela ANDA BRASIL.

Horário determinado de início e de término - O evento deve ter um horário de início e término definidos, porém o caminhante é livre para permanecer no circuito e/ou nos equipamentos disponíveis, estando ciente de que a estrutura do evento possui um tempo de funcionamento limitado.

Balizamento com sinalização temática, padrão internacional – O IVV dispõe de modelos de placas de sinalização, as quais devem ser fixadas em lugares visíveis e estratégicos durante o percurso. Em cruzamentos a sinalização faz-se fundamental.

Trajeto viável para ser praticado por todos os públicos (crianças, idosos, portadores de deficiências) – O percurso deve ser acessível, em casos de trajetos severos deve-se informar o caminhante e viabilizar formas de apoio para pessoas com dificuldades de locomoção.

Cada caminhante pode realizar a caminhada de acordo com sua capacidade física.

Trajeto, preferencialmente circular, de aproximados 10km – Em casos de trajetos não circulares, recomenda-se que ao final do percurso seja disponibilizado um veículo para locomoção dos caminhantes ao ponto de início do circuito, evitando que o caminho de ida seja o mesmo utilizado na volta durante a caminhada, o que o torna repetitivo.

Postos de controle a cada 2,5 km com serviços de fornecimento de água, complementação alimentar, comercialização de artesanato, agroindústria familiar e/ou manifestações culturais locais – Os postos de controle devem ser fixados em locais estratégicos, onde haja estrutura adequada para a permanência dos atendentes, os quais devem estar devidamente instruídos para fornecer informações sobre o circuito e características geográficas e culturais da região.

Equipes de resgate e atendimento médico – A organização local deve disponibilizar equipes de resgate e atendimento médico para os caminhantes e equipe local. Este auxílio é imprescindível para garantir a segurança da atividade. Sugere-se que a equipe organizadora disponha de equipamentos para comunicação móvel.

Numeração exclusiva de carimbo por caminhada (numeração fornecida pelo IVV) – ao final do circuito a carteirinha internacional deve ser carimbada com o carimbo exclusivo do circuito , o qual possui a numeração internacional fornecida pelo IVV.

Caderneta de caminhante (Caderneta IVV) – A caderneta de caminhante internacional, padrão IVV, é entregue na 1ª primeira caminhada do participante e deve ser transportada pelo mesmo a cada circuito para que seja carimbada a cada caminhada. Ao ser preenchida, com 10 carimbos de circuitos diferentes, a caderneta deve ser encaminhada à ANDA BRASIL para o recebimento de 1 diploma oficial ANDABRASIL, 1 pin, 1 caderneta nova e 1 bordado da ANDABRASIL - IVV.

Carimbos de confirmação de passagem nos postos de controle – A organização local deve providenciar uma pequena caderneta do circuito, a qual será carimbada a cada posto de controle. Lembrando que estes carimbos também são de responsabilidade da organização local e diferenciados do carimbo oficial do circuito (padrão IVV).

Plano de premiação ao final de cada caminhada - Sugere-se que ao final de cada caminhada seja realizada uma premiação aos participantes, como o caminhante mais jovem, mais idoso, maior grupo, entre outros. Este plano é apenas uma sugestão, uma forma de incentivar os caminhantes, e não um pré-requisito obrigatório.

Plano de estímulos para que caminhantes estejam sempre presentes em outras Caminhadas – As organizações local e regional podem elaborar planos de estímulos para os caminhantes, o qual consiste em entrega de brindes, gratificações, diplomas e realização de divulgação integrada entre os circuitos, possibilitando que o caminhante tenha acesso às informações das caminhadas da região.

Divulgação internacional – todos os circuitos devem estar cadastrados no site da ANDA BRASIL, possibilitando a promoção internacional das caminhadas, por isso o nome Caminhada Internacional na Natureza.

 

EXPERIÊNCIAS NA PARTICIPAÇÃO DE ALGUMAS CAMINHADAS

 

No dia 21 de maio de 2023, domingo, foi realizada em Prudentópolis a V Caminhada e Cicloturismo Internacional na Natureza, no chamado circuito Pinheiro de Pedra, na localidade de Ponte Nova.

Esta foi uma caminhada significativa porque foi a primeira caminhada oficial, credenciada pela Anda Brasil, que o grupo Acordei Caminhadas de Irati, criado em 12/02/2023, do qual sou membro, participou.

De acordo com a organização, a distância total percorrida pelos caminhantes foi de 12,4 km. O ponto de partida e de chegada foi na Igreja Nossa Senhora de Hoshiw, do rito ucraniano.

            Nossa região como um todo tem uma geodiversidade surpreendente, com paisagens naturais fascinantes, cachoeiras, matas,  além da rica cultura, mescla das manifestações das diferentes etnias que aqui se estabeleceram ao longo do tempo.

Em especial nesta localidade, pudemos conhecer o geossítio onde tem troncos e fragmentos de araucárias fossilizadas, que deram nome ao circuito “Pinheiro de Pedra”.

Fomos recepcionados nos pontos de apoio, definidos em média a cada 3  ou 4 km, com água, pinhão cozido, com informações sobre o lugar, enfim, com boa hospitalidade. 

Citando alguns pratos oferecidos aos participantes, no café da manhã estava disponível broa, cuca, zaprachka, ovo, mel, virado, torresmo, linguiça, cracóvia, pão com manteiga, etc. No almoço, pierogue, arroz, mandioca, feijoada, leitão no tacho, frango caipira, saladas, entre outras opções.

No dia 11 de junho de 2023, o Rotary Club de Inácio Martins promoveu uma emocionante caminhada na natureza na localidade de Rio Pequeno. Embora não fizesse parte do circuito internacional credenciado pela Anda Brasil e sob as regras do IVV, o evento surpreendeu aos participantes com uma recepção calorosa, apesar do vento gelado de inverno característico de uma das cidades mais altas do estado.

O percurso da caminhada incluiu estradas rurais, propriedades de agricultores familiares, trilhas e até mesmo uma sapecada de pinhão, uma atividade típica da região. Ou seja, além da paisagem, esta caminhada foi marcada por uma série de atividades e experiências adicionais que sem dúvida marcaram os caminhantes.  

O ponto de partida foi o recém-construído Eco Parque Terra dos Pinheirais, uma estrutura localizada na área urbana do município, que promete contribuir para a prática de atividades físicas, caminhadas e a realização de eventos, além de proporcionar a contemplação de um belo lago. Já o ponto de chegada foi a Chácara Paraíso (Viveiro Sul Florestal, em Rio Pequeno), onde os participantes foram recepcionados com um delicioso café e acessaram uma pequena cachoeira os  fundos da propriedade.

A região também reserva encantos além do trajeto da caminhada. O Cerro do Leão, uma região de serra situada entre o Distrito de Guamirim, em Irati, e Inácio Martins, oferece uma vista deslumbrante da belíssima paisagem. Segundo relatos, é possível visualizar durante a noite as luzes urbanas de alguns municípios vizinhos.

A mata e o Cerro do Leão,  são um ingrediente convidativo para os mais aventureiros que desejam enfrentar trilhas mais intensas em meio à mata fechada.

A história do município de Inácio Martins também reserva curiosidades interessantes. Inicialmente chamado de Guarapuavinha, em homenagem ao engenheiro responsável pela construção da ferrovia na região, o distrito posteriormente recebeu o nome de Ignácio Martins. Em 25 de julho de 1960, por meio da Lei Estadual nº 4.245, o município de Inácio Martins foi criado, com sua instalação oficializada em 25 de novembro de 1961.

A colonização extrativista foi fundamental para a distribuição das terras da região em grandes latifúndios, sendo que a maioria dos proprietários eram donos de serrarias cujo objetivo principal era explorar as terras para a extração de madeira, principalmente de imbuia e araucária.

Um fato curioso é a presença da Capela do Divino Espírito Santo, localizada em Rio Pequeno. O terreno onde a capela está situada foi doado pelo antigo proprietário, registrado em cartório, mas não para a Igreja Católica, mas sim para o próprio Santo. Esse foi um dos primeiros registros desse tipo existentes, feito como forma de honrar uma promessa por uma graça ou milagre recebido.

Mandirituba, região metropolitana de Curitiba, foi palco de uma caminhada que reuniu aproximadamente 1,5 mil participantes no dia 2 de julho de 2023. 

Durante o percurso de cerca de 12 km, os caminhantes puderam apreciar as belezas naturais da região, com destaque para os campos de camomila, que emprestam seu aroma e propriedades relaxantes.

Nome de origem indígena, Mandirituba significa "lugar onde há muitas abelhas" ou "colmeal". É um município localizado a 886 metros de altitude, com uma extensão de 379,2 km². Segundo o último censo, conta com uma população de 26.869 habitantes, resultando em uma densidade demográfica de 70,9 habitantes por km².

A camomila, cujo nome científico é Matricaria chamomilla, pertence à família Asteraceae. Popularmente ela é chamada também de macela-nobre, maçanilha, matricária, entre outras denominações. Ela é uma planta ramificada que pode atingir 30 cm de altura. Suas flores possuem um aroma e sabor peculiares, sendo amplamente utilizadas por suas propriedades calmantes e no tratamento de inflamações intestinais. Além disso, a camomila é empregada como aromatizante em alimentos, bebidas e produtos de higiene pessoal.

Durante a caminhada, os participantes puderam desfrutar de pontos de apoio a cada 4 km, onde encontraram água e banheiros disponíveis. Ao final do evento, foi servido um almoço aos participantes, assim como um café da manhã. Vale destacar que essas refeições são opcionais e têm o objetivo de incentivar o comércio local, a agricultura familiar e a divulgação dos produtos típicos da região.

Como os trajetos normalmente são circulares, ao chegar ao ponto final (mesmo ponto de início), além do almoço, com churrasco e costela assada, havia música, bingo, e outras atrações no pátio da Igreja. A experiência da chegada e dos atrativos no ponto final pode ser comparada a um almoço comunitário ou festa de capela do interior, como bem conhecemos em nossa região, revelando a atmosfera acolhedora do evento.

Os campos de camomila se mostraram como um dos principais atrativos, encantando os caminhantes com sua beleza. Embora não tenham sido encontradas cachoeiras ou paisagens surpreendentes durante o percurso, como já tivemos a oportunidade de se deslumbrar em outras rotas, a caminhada em Mandirituba proporcionou uma imersão na natureza e uma oportunidade de conhecer melhor essa região encantadora na área metropolitana de Curitiba.

No dia 30 de julho de 2023, Piraí do Sul recebeu a 1ª Caminhada Internacional na Natureza, Circuito Cerro da Onça.

Piraí do Sul é um município localizado no interior do estado do Paraná, na Região dos Campos Gerais. O município está inserido na Região Geográfica Intermediária e na Região Geográfica Imediata de Ponta Grossa, conforme a divisão regional vigente desde 2017, estabelecida pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), ou ainda na Mesorregião Centro Oriental Paranaense.

Localizado no primeiro planalto paranaense, também conhecido como planalto de Curitiba, Piraí do Sul apresenta relevo predominantemente ondulado e uma altitude média que varia de 850 a 1.300 metros acima do nível do mar. A sede do município está a 1.036 metros de altitude, tornando-se a oitava cidade mais elevada do estado.

Com uma população de 23.649 habitantes, conforme o censo de 2022 realizado pelo IBGE. Cerca de 69% dos moradores vivem na zona urbana.

O percurso de 12 km passou por estradas e propriedades rurais, destacando-se a subida do Cerro da Onça até o morro das antenas, com um ganho de elevação em torno de 400 metros em relação ao ponto de partida.

O Cerro da Onça é o ponto mais alto da região dos Campos Gerais, permitindo, em dias claros, a observação da cidade de Castro e da divisa de Piraí do Sul com alguns municípios vizinhos. Contudo, a neblina comum durante os meses de inverno limitou a visibilidade durante a caminhada. Talvez, em edições futuras, seja interessante ser considerada uma época com menos neblina para proporcionar uma vista desobstruída do topo do Cerro da Onça, afinal, o morro é grande destaque da rota.

A Caminhada Internacional na Natureza aconteceu em paralelo à Festa do Agricultor, atraindo uma participação significativa de pessoas. A organização do evento foi elogiada, e os participantes destacaram a receptividade e alegria dos organizadores.

Um dos aspectos culturais mais marcantes da cidade é sua devoção a Nossa Senhora das Brotas, título dado à santa após a imagem trazida por Frei Galvão no início do século XIX ser encontrada intacta após um incêndio, rodeada por brotos e raízes. 

A imagem passou a ser reconhecida como protetora da agricultura e da pecuária. Em homenagem à santa, o Santuário de Nossa Senhora das Brotas foi construído na década de 1980, e anualmente ocorre a festa da padroeira municipal, que atrai milhares de visitantes.

Piraí do Sul, além de suas belezas naturais e eventos culturais, promete ser um destino atraente para os amantes de caminhadas e ecoturismo na região dos Campos Gerais, sem sombra de dúvidas. Até porque,  está próxima de atrativos já consagrados pelo público, como o Cânion Guartelá.

O Canyon Guartelá é o 6º maior cânion do mundo em extensão e o maior do Brasil. Foi escavado pelo Rio Iapó, que pelo cânion consegue atravessar a Escarpa Devoniana, paredão que separa o Primeiro do Segundo Planalto Paranaense.

Por fim, no dia 06 de agosto de 2023, embora a caminhada contemplasse caminhos rurais, com direito a visitar uma pequena cachoeira, tivesse o envolvimento da comunidade local, não foi em uma rota credenciada e integrante das chamadas Caminhadas Internacionais na Natureza, com suas regras próprias e diretrizes.

Por outro lado, esta caminhada teve caráter solidário, tendo sua renda revertida em Prol da APAE de Irati. Esta é uma das diferenças em relação às caminhadas oficiais do circuito internacional. Estas são de inscrição gratuita até então. A que participamos no Pinho, teve um valor de inscrição para cobrir os custos com o café colonial servido após o evento, e a renda excedente teve caráter solidário. Além disso, teve participação de empresas, no caso, o SICREDI.

Nas caminhadas internacionais, a comunidade tem seu retorno com a venda do café da manhã e do almoço, geralmente ofertando em destaque algum prato típico da localidade, entre outros itens que podem ser vendidos sob a forma de feira aos visitantes, ou sob outras formas de exposição destes produtos ou serviços. Gera-se ainda um marketing favorável para a comunidade, que a torna mais conhecida (incentivando mais pessoais a visitar seus atrativos), e por conseguinte, destacando seus produtos.

O trajeto da caminhada solidária foi em torno de 5 km, saindo da Igreja de São Sebastião e indo até a Cachoeira da Serraria. o Evento  reuniu entre 250 a 300 caminhantes.

Após parar no local, algumas pessoas entraram em um antigo barracão. O que impressionou foi a estrutura de madeira, com vigas falquejadas, com assoalho de pranchão, o que justifica estar em pé apesar do tempo transcorrido.

Nesta visita, fomos surpreendidos pelo voo de um urubu, que saiu de dentro de um caixote utilizado como ninho. Dois ovos estavam sendo chocados. A título de curiosidade, a espécie de urubu é a chamada “urubu de cabeça preta”. Esta ave costuma chocar, por um período de 40 a 60 dias, em torno de 2 a 3 ovos. O vídeo desta cena está disponível no Blog www.vozesdoverbo.blogspot.com, bem como um resumo detalhado das caminhadas citadas aqui como exemplo, entre outras realizadas.

No retorno da caminhada pudemos nos fartar degustando um apetitoso café colonial, com pasteis de diferentes sabores, bolos, pães, frios, suco de uva, etc. Lembrando que a região conta com uma vinícola.

 

PERSPECTIVAS PARA A REGIÃO

 

Muitas pessoas participaram do evento em Pinho de Baixo, demonstrando que há público com perfil para este tipo de evento em nossa cidade e em nossa região. Também foi possível perceber a receptividade e organização do pessoal da comunidade, o qual já tem experiência na promoção de eventos, visto que a localidade de Pinho de Baixo tem uma rota de cicloturismo, tem cachoeiras que são muito visitadas, museu, e por ser uma comunidade de descendentes de italianos, promoviam-se festas tradicionais com a culinária e cultura típicas, já consagradas pela opinião pública.

Este contexto é favorável para que a localidade seja incluída como uma excelente e prioritária opção para o desenvolvimento de rotas oficiais de caminhada na região.

Destaca-se que está ocorrendo articulações ou alinhamentos para promover esta rota do Pinho e incluí-la como um Circuito Credenciado de Caminhadas Internacionais na  Natureza. E isto está entre os planos da comunidade local, de membros da ADECSUL, COMTUR, equipe do IDR – antiga EMATER, dando assessoria, empresários do setor e de outros segmentos sociais, além de grupos de Caminhantes, entre os quais incluo minha participação neste projeto.

Entretanto, de forma inesperada, alinhou-se a possibilidade de Irati realizar a sua primeira Caminhada Internacional na Natureza em paralelo à Festa do Pêssego, em dezembro de 2023. A ideia é um trajeto mesclando elementos de transição entre o urbano e o rural, saindo do Parque Aquático, adentrando propriedades rurais, pesqueiros, cruzando uma trilha na mata com exemplares da floresta nativa, plantações de pinus, pomares de pêssego, rios e corredeiras, áreas de elevação topográfica, entre outros atrativos.

Será uma oportunidade de aliar à caminhada o fortalecimento da cultura do pêssego, carro-chefe da festa realizada no mesmo dia e que já é uma tradição no município, além de outras opções gastronômicas e culturais, e de colocar Irati na rota das Caminhadas Internacionais na Natureza.

Em suma, este movimento das caminhadas visa a promoção do desenvolvimento da comunidade, expandindo-se para o desenvolvimento da região, fomentando o turismo rural e a agricultura, sobretudo familiar, o que está em consonância com a origem dos esportes populares.

Para os caminhantes, além de ter uma motivação a mais para caminhar, o que promove a saúde e bem estar, poderão conhecer de forma mais estruturada e assistida as belezas naturais e paisagísticas da região (Terra dos Pinheirais, se levarmos em conta a regionalização turística), interagir e fazer amizades, se divertir, observar o rural para além de sua produção agrícola, conhecer a cultura, inclusive com direito ao carimbo na carteirinha, algo que motiva os caminhantes em busca de melhores posições no ranking de participações.

Caminhar é uma atividade básica e tão natural do ser humano, que muitas vezes não nos damos conta da sua importância e valor. Ao longo da história humana, o homem caminhou rumo a tantas realizações. No dia a dia, nos locomovemos a maior parte do tempo. E em termos de saúde, a ciência já comprovou os malefícios do sedentarismo e os benefícios do movimento.  Então por que não transformar esta atividade barata, simples, democrática, acessível, que demanda apenas uma roupa confortável, boa vontade e espírito de equipe, e sair conhecer lindos lugares?

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